Chance;

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»Kim Dahyun«

O sol obrigou-me a fechar os olhos;

Quando uma nuvem se afastou novamente, permitindo os raios solares alcançarem a terra sob as gotas de chuva que insistiam em cair agressivamente, a luminosidade abrupta foi desconcertante, de forma que, além de eu cerrar os olhos com força, ainda me encolhi instintivamente contra a parede em que já estava acuada.

Fiquei assim por um tempo considerável. O som da minha própria respiração soando alta em demasia aos meus ouvidos, sobrepondo-se ao som constante da água atingindo o solo.

Quando o desconforto da posição em que eu estava foi acentuado pela dor de cabeça acarretada pelo choro longo, resolvi que estava na hora de levantar.

Considerando que Nabi não voltara ao escritório, presumi que os acampantes ainda estavam todos reunidos no refeitório, aproveitando despreocupadamente a palestra mais divertida que já tiveram no acampamento.

Eu não poderia voltar para lá: não quando era mais que perceptível que eu não estava me sentindo bem.

Não queria criar mais burburinho em cima da minha situação.

Sendo assim, quando descansei a mão sobre a maçaneta e respirei fundo, eu já tinha um plano em mente: correr para longe do prédio principal e me refugiar no chalé feminino do time vermelho até me sentir apto o suficiente para ter contato com a sociedade.

Ao abrir a porta, no entanto, não pude pôr em prática todo o planejamento mal estruturado que eu tinha feito, pois ao me precipitar para o corredor, colidi com algo sólido e móvel.

Desequilibrada pelo baque imprevisto e bruto, ameacei cair para trás, sendo imediatamente amparada por Momo, que me segurou pelos braços e manteve-me em pé, com a expressão de quem acabara de tomar um susto.

Nossos olhos se encontraram e, por um momento, permanecemos assim, suas mãos ainda prendendo-me firmemente no chão, a expressão petrificada em uma eterna surpresa e eu sem saber o que fazer a seguir.

Seus olhos então desgrudaram-se dos meus e examinaram meu semblante com atenção, o que fez linhas de preocupação se agravarem em sua face.

— Você esteve chorando?

Infelizmente não teria como eu mentir ou contornar a pergunta, pois era notório o esforço que eu ainda empenhava para impedir a queda de mais lágrimas: meus lábios trêmulos não paravam de evidenciar isso.

Se fosse qualquer outra pessoa, ou a ocasião fosse minimamente diferente, talvez eu tivesse respondido com uma piadinha boba, algo para amenizar o clima desconfortável, mas era Momo, e ela parecia tão sinceramente à disposição para mim que eu me sentiria péssima em tentar enganá-la.

Sem pensar muito, soltei-me dos seus braços apenas para poder passar os meus próprios ao redor do seu corpo, descansando a cabeça em seus ombros e imediatamente perdendo a postura.

Ela, esquecendo todos os dias em que passamos afastadas e possivelmente magoadas uma com a outra, me abraçou de volta e permitiu que eu continuasse a molhar sua roupa com minha lástima.

🌇

Meu primeiro instinto, ao sentir alguém me balançar durante meu precioso sono, foi de levantar num ímpeto e bater na pessoa com o travesseiro, mas eu estava tão sonolenta que minha resposta máxima foi resmungar um “me deixa em paz”.

— Acorda logo, caralho, você vai atrasar todos nós!

Não foi o xingamento que me fez despertar, muito menos o balançar agressivo que veio em seguida à fala, mas sim o reconhecimento daquela voz: Lalisa Manoban.

Acampamento A.GDonde viven las historias. Descúbrelo ahora