Soldado de Paradis

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O veredito de História fez com que todos nós vibrássemos de alegria. Muito diferente dos membros da PM ou da guarnição que esperavam receber um aumento de lucros desde a retomada da muralha Maria.

- Com tudo... – História se levanta de seu acento encarando os antigos companheiros de esquadrão – vocês esperarão até os novos membros se alistarem e também a inauguração do salão de quadros em memória dos heróis da batalha de Shinganshina. Com isso, declaro encerrada essa reunião!

O reconhecimento saiu rapidamente para evitar discussões com os demais ramos militares.

Como nos foi avisado pela própria rainha, nós deveríamos esperar a inauguração do tal memorial, que seria em aproximadamente duas semanas. Então nossa comandante como estava de mãos atadas, deu aquele período de tempo para aproveitarmos da maneira que cada um quisesse.

[...]

Caminhando pelos corredores do quartel me vem à mente a última vez em que tivemos um momento de folga, já fazia tanto tempo, eu acabei indo parar em Ragako junto com Connie. Também foi nesse tempo em que Jean e eu acertamos as pontas soltas que existiam entre nós.

Foi pela conversa que tivemos que decidi ir ao encontro de Annie Leonhardt, graças a ela e seu cristal, foi que tive a ideia de usar minhas habilidades de endurecimento para invocar raios, um dos meus maiores triunfos em batalha.

... Além de que, também descobri sobre as visitas clandestinas de Armin para Annie, depois daquele dia, eu o encontrei no subterrâneo diversas vezes. Acho que além daquela soldada da PM que faz a guarda do cristal de Annie, Armin e eu devemos ser os únicos a vê-la com frequência.

Não há sentido em conversar com uma pedra inanimada, mas ainda assim, só eu sei que ela ainda está lá... De certa forma, eu desejo descobrir uma forma de a tirar de seu caixão de cristal.

- Tenente! – ouço o cumprimento de alguns soldados e aceno com a cabeça, passando rapidamente por eles.

Mas, acho que minha melhor lembrança dessa época era o quão próximos Levi e eu éramos... Apesar de ambos sermos extremamente ocupados, nós arrumávamos tempo um para o outro.

Por que nós nos afastamos?

Que pergunta fútil. Foi por minha própria escolha, porque faz parte da minha natureza me afastar de todos como se fosse a solução. Não...

Tinha algo a mais, sendo sincera, o sentimento de gratidão e admiração que o Levi tinha pelo Erwin sempre me incomodou, e era nesses momentos em que eu notava esses sentimentos, que os problemas em mim apareciam...

Os problemas de confiança, o enorme complexo de inferioridade, me fechar completamente e esconder meus verdadeiros sentimentos até tudo explodir em forma de raiva e então começar a ser agressiva.

Foi quando parei em frente a porta do meu atual escritório que uma luz pareceu acender na minha cabeça. Começo a rir histericamente sem motivo, antes de encostar na maçaneta da porta.

Só notei agora, a tamanha inveja que tinha de você...

O medo que tive do Levi me substituir...

E agora, olha quem substituiu quem...

Eu tomei seu esquadrão, sua posição, seu escritório, vi você morrer em batalha como herói, e admito que agradeci mentalmente pelo Levi ter escolhido outro ao invés de você.

...No final você não era tão importante assim, Erwin.

A porta a minha frente abre lentamente, e ali estava, o motivo dos meus surtos psicológicos. O rosto enganosamente jovem, de feição aborrecida, os lábios pequenos e rosados, os olhos cinzentos aparentemente cansados ao cravarem em mim, deram lugar a uma expressão de surpresa.

Freedom Wings - Levi AckermanOnde histórias criam vida. Descubra agora