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Formatura. Ah! A formatura, o dia mais esperado por qualquer americano, jogar o chapéu para o alto, beijar a namorada popular e dançar no baile de formatura, tudo isso é um sonho idealizado e planejado por cada um desses meus colegas. O problema é que eu não entendo.
Balanço a cabeça com meus pensamentos olhando todo mundo dançando feliz enquanto permaneço sentada na arquibancada da quadra que está toda enfeitada pro baile.
Não entendo o quão especial é esse dia pra eles porque provavelmente se eu estivesse me formando no Brasil eu nem formatura faria. Sem contar que nossas festas são completamente diferentes, eles botam ponche sem álcool dentro de uma tigela e pegam com uma concha, onde já se viu isso? muito brega.
É, talvez eu fique aqui a noite inteira sentada nessa arquibancada reclamando dos costumes americanos olhando essa festa tocando Katy Perry 2010. Respiro fundo terminado de tomar meu ponche avermelhado sem álcool vindo direto de uma tigela brega com uma concha.
Me levanto arrumando a roupa e coloco o copo em qualquer mesa aleatória. Acho que vou passar no banheiro, jogar água no rosto e deixar uma pichação em alguma parede, essa vai ser minha forma de se despedir dessa escola.
Saio da festa pelas portas enormes duplas e ando pelo corredor que tem alguns poucos alunos. Viro a esquerda e entro em outro corredor, esse deserto, nem se quer uma alma, só o barulho do meu sapato batendo no chão liso e a música abafada da festa de fundo.
Vou até a porta do banheiro e abro ela a empurrando e deixando que bata depois que entro.
— Quem tá aí?
Paro subitamente de andar quando uma voz feminina meio baixa surge de dentro do banheiro, olho pros lados com as sobrancelhas franzidas sem entender nada. Será que já estou sendo assombrada por ser uma péssima aluna? Ou a loira do banheiro? Ou melhor dizendo a tal versão americana dela, a blood mary.
Fico parada ali no pequeno corredor que tem até o de fato banheiro e as cabines, apenas fico encarando a parede de azulejos azuis claro sem saber o que fazer.
— Ahn... sou eu? — Digo confusa ainda parada no mesmo lugar.
— Vai embora Sam! — A voz responde e acho que reconheço da onde vem, do fundo do banheiro.
— Eu não sou a Sam — Grito de volta um pouco alto.
— Vai embora do mesmo jeito! — A voz fala alto num tom meio embargado como se estivesse chorando.
Balanço a cabeça em negação e me viro pra sair, puxo a porta abrindo ela, mas paro subitamente. Eu não deveria ir embora, a noite dessa garota deve estar pior que a minha, se eu ao menos pudesse ajudar ela acho que nossas noites não seriam tão perdidas assim.
Suspiro fundo e solto a porta deixando ela bater. Vou andando até ter visão total do banheiro e vejo uma garota sentada no fundo dele debaixo das pias, ela esconde o rosto entre os braços com as pernas dobradas na frente do corpo. Ela é ruiva e está usando um vestido rosa claro de tecidos finos que caem em formato de babado franzidos aos lados, são várias camadas desde um rosa quase transparente até um rosa claro mais intenso, além de ser um tomara que caia, seu cabelo está preso e puxado pra trás bem liso na frente formando um rabo de cavalo comprido que cai ao lado do seu braço.
