28.Flashbacks and Goodbye.

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28 de Janeiro de 2015. - Primeiro ano da faculdade.

Dois dias antes.

O Campus de Columbia parecia mais frio do que de costume naquela quinta-feira embora a temperatura marcasse 39° Fahrenheit. O corredor estava deserto, os alunos se encontravam em uma festa de comemoração no dormitório 32 devido à vitória do Giants em cima do Patriots horas antes, porém o silêncio e a escuridão engoliam o dormitório 78 tornando-o sombrio às 03h40 da madrugada, onde a luz do luar invadia parte da janela aberta criando sombras magnificas nas paredes azul claro.

Dentre as roupas jogadas no chão, sapatos espalhados, e pedaços de um coração partido, encontrava-se Lauren Jauregui, a morena dos olhos verdes que há poucas horas atrás tinha entregado seu bem mais precioso de volta ao mundo. Seu corpo sabia o quanto Lauren estava sofrendo, fazendo questão de entrar em estado de letárgico, como se houvessem lhe aplicado várias doses de mofina para que o sangramento em seu coração se dissipasse.

Agora, sentada no chão com as costas apoiada no beliche, Lauren observava as sombras na parede oposta como se fossem seus próprios demônios rindo de sua queda emocional, ela poderia até mesmo escutar as risadas animalescas se fechasse os olhos. O violão preto esquecido em seus braços era um suporte no momento, seus dedos dedilhavam as cordas sem ter realmente o que tocar, porque apesar de seus olhos estarem focados nos demônios da parede, sua mente divagava de volta ao terraço onde deixara os restos de uma lembrança perfeita.

- Sete filhos, Lauren? Você ficou louca? – perguntou a mais nova com expressão assustada. – Vamos começar apenas com Ethan. Ou Sarah, caso seja uma menina.

- Ok. Ok. Você é quem manda. – revirou os olhos. – Enfim, vamos ter Ethan ou Sarah correndo para cima e para baixo, eu vou chegar do trabalho e ver minha linda esposa praticando em seu piano, vou beijá-la com toda a saudade que senti o dia todo enquanto estava escritório. Depois do jantar vou me sentar com Ethan, ou Sarah – Camila riu e Lauren continuou. – na varanda e lhe ensinar a tocar violão, ou ouvir você lendo seus poemas. O que acha? Ah, é claro, um domingo podemos visitar seus pais e no outro os meus. E nos dias em que você precisar trabalhar fora, vamos precisar de uma babá, mas acho que Ally vai adorar cuidar do nosso filho.

- Promete que vamos fazer isso um dia?

- Nós vamos lutar por isso. – respondeu quando Camila enfiou o rosto na curva de seu pescoço. – Nós vamos lutar juntas, pequena.

Mais lágrimas deslizaram por sua pele pálida, ela não as enxugou dessa vez, não havia mais necessidade disso, não quando elas não iriam parar tão cedo, talvez nunca, mal sabia como suas glândulas lacrimais ainda produziam tantas delas após horas intensas de choro. Lauren olhou o relógio na parede constatando que Ally ainda estaria com Camila na casa dos Cabello com todos a odiando, seu coração apertou ao imaginar Sinu com raiva dela. É claro que a culpa não seria da mulher, ela não sabia que Lauren tinha sido obrigada a escolher entre os sentimentos que desenvolvera por Camila ou o futuro da garota, e como ela sempre deixou claro, a felicidade verdadeira de Camila sempre seria sua prioridade, essa felicidade que estava nos pequenos momentos com a família e na música.

Lauren rolou os olhos até o CD jogado no chão do Johnny Cash que tinha emprestado uma vez a Camila, ela automaticamente pensou na história de Johnny e June, e sentiu vontade de rir da ironia que sua vida se tornara quando imaginou que seu fim seria como o de seu ídolo, viver os últimos anos ao lado da mulher que ama. Ainda com os olhos fixos no CD, Lauren dedilhou a devastadora versão de Hurt que Johnny regravara; uma de suas músicas preferidas e, ironicamente, a que descrevia seu momento ao pé da letra.

- I hurt myself today  – fez uma pausa e contemplou outra vez o silêncio deixando-se abraçar pela dor. Respirou fundo fechando os olhos quando voltou a cantar com a voz rouca e baixa. - To see if I still feel. – fez outra pausa, era como se cada respiração machucasse seu peito. - I focus on the pain, the only thing that's real... – o celular ao lado anunciava uma caixa de mensagens lotada com ligações perdidas de Dinah e Normani. Sua voz falhou antes de continuar. - What have I become, my sweetest friend? Everyone I know goes away in the end...

The Red BowOnde as histórias ganham vida. Descobre agora