Capítulo 35

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 Escolhas.

Tamanho poder que foi dado às pessoas.

A cada um.

Permeando nas papilas de poderes que acreditamos nos pertencer, aquele miserável gosto de ser capaz de decidir aquilo que queremos fazer é doce como uma maçã recém madura que pode ser retirada diretamente da árvore sem quaisquer impedimentos se fazendo ainda mais atraente para nossas línguas ansiosas.

A vibração excitante que percorre cada canto do ser.

Deus se torna obsoleto, porque nós nos tornamos deuses.

As minhas emoções são os meus anjos serviçais.

Contudo, a mera decisão que se faz pelas próprias ansiedades emocionais em combustão debaixo da derme é uma simples chave que se mantém na paciência para abrir a mais absoluta inundação pelas consequências das nossas decisões.

Mordemos a maçã pela doçura.

Vomitamos logo depois.

Devido a sua podridão interna.

Olhamos para todos os lados buscando de alguma maneira um outro que possa ser o culpado de ter tomado a escolha por cada um de nós, não sabemos ver o nosso narcísico com tamanha imperfeição de erros e mais erros cometidos por decisões imprudentes motivadas por impulsos.

Encarar o próprio espelho rachado.

Gerando a repulsa.

Somos a perfeição do Criador.

A insustentabilidade de lidar com as nossas próprias avalanches conflitantes, levando ao paradoxo dessa insanidade, no qual damos àqueles que consideramos os nossos pequenos deuses o poder de limitar a capacidade de decidir para podermos manter a liberdade de escolher de acordo com os sentimentos.

Gostamos da maçã.

Odiamos o seu gosto apodrecido.

Mas ainda queremos continuar comendo-as.

Nesse jogo de extravasar seus excessos e, em sequência, preenchido por culpas e arrependimentos, é um prazer de viver sempre na linha limite que separa o inferno e o paraíso de se fundirem em apenas uma única mistura.

Bem perto dos portões do jardim eterno.

Próximo o suficiente para sentir o calor da liberdade que levará à agonia eterna.

Estar assim é prazeroso.

Repentinamente os meus pensamentos foram tomados por essas breves reflexões que ouvi a mais ou menos um ano atrás do meu professor de filosofia enquanto ele arrumava os seus materiais para poder encerrar o seu expediente daquele dia.

Era perto do fim da tarde.

Uma quinta feira de horário integral.

Sua aula era a última.

O seu rosto, de cor parda mais latente e com uma barba ainda por fazer, onde o branco e o preto contrastavam, enquanto os olhos pareciam maiores por causa de seus óculos no formato circular que lhe dava uma idade maior que possuía ainda é vívido em minhas memórias guardadas.

As linhas de expressão que percorriam todo o comprimento abaixo da pálpebra.

Cada traço demonstrando cansaço.

Contenção: O EstopimWhere stories live. Discover now