Capítulo 23

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As minhas passadas eram relativamente rápidas.

            Chuto que fazia bastante tempo que tínhamos saído da loja.

            O temor pairava em mim.

            Desde que tinha visto aquele homem vestido de terno, carregando quatro espadas em sua bainha, se ocultando por detrás das árvores enquanto me observava, até simplesmente partir sem sequer realizar qualquer mísero movimento suspeito.

             Seu olhar me encarava.

            Consigo sentir a minha audição aguçada.

            Cada singelo barulho me fazia focar a atenção, como os ventos batendo nas folhas.

            Mesmo que este homem não tenha realizado nenhum gesto que eu poderia considerar ameaçador, com a dadas circunstâncias do momento em que o mundo estava, todo o cuidado redobrado é um tanto quanto insuficiente.

            Ele poderia estar nos seguindo pelo mato denso que há nas laterais das rodovias.

            Esperando o momento certo para dar o bote.

            Como um predador que não está com fome, mas apenas com vontade de ter prazer.

            A minha imaginação poluída com as situações que aconteceram nas últimas horas me fez fantasiar este homem ceifando a mim e aos meus amigos com as suas espadas que, mesmo à distância, pareciam ser grandes.

             Eu engoli em seco.

            Podia sentir o suor escorrer.

            Se eu pudesse olhar o meu rosto poderia ter certeza de que meu semblante era de pavor.

            Os meus amigos seguiam em minha frente naquela formação de sempre, mas a impressão que tinha era que agora eles estavam mais relaxados do que mais cedo, como se os seus organismos estivessem exauridos de tamanha tensão, o que me fazia ficar receoso em contar aquilo que eu tinha visto.

            Eu pensei umas trocentas vezes.

            Ensaiei mentalmente.

            Já tinha as palavras certas nas cordas vocais.

            Só que no exato instante em que eu os encarava, percorrendo o caminho em busca da lanchonete que Eva havia dito para formarmos nossa base noturna, sentia que isso traria mais preocupação, contudo, se eles não soubessem poderia os deixar desprevenidos se aquele resolvesse atacar.

            Uma balança, uma balança.

            Os dois extremos eram pesados.

            Eu não sabia o que fazer.

            Admito que me assustei quando o Thiago repentinamente parou de caminhar na frente, pensei que o pior estaria prestes a acontecer, contudo, ele apenas retirou a mochila dos seus ombros, colocando sobre o asfalto para rapidamente abri-la.

            Fui me aproximando.

            Nos reagrupamos.

            Estávamos perto um do outro, o que aumentava ainda mais a minha preocupação.

            - Eu quase me esqueci de entregar isso para vocês - ele disse retirando quatro facas longas e afiadas da bolsa.

             Peguei a minha.

Contenção: O EstopimWhere stories live. Discover now