Capítulo 29

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O desconforto.

           Era assim que me sentia.

           Sem saber ao certo para que caminho seguir internamente.

           Depois que Eva expressou que queria estar sentada ao meu lado foi como se as lágrimas que despencavam dos céus simplesmente congelassem por um breve instante, enquanto uma tempestade de sentimentos contundentes, ao ponto de me tirarem do eixo, começavam a escorrer por entre as rachaduras do meu ser.

           As feridas de um passado.

           Lacunas que uma história deixou.

           Um laço que não teve pontos finais.

           Fazia mais de dois anos, pelo que as minhas contas batem, desde que paramos de nos falar por conta de uma declaração boba que ousei expressar sobre sentimentos intensos, me fazendo sentir uma culpa tão profunda ao ponto de ser sufocante.

           Eu não sabia o que fazer.

           Tínhamos um castelo de diamante.

           Foi sendo derretido como um simples cobre.

           Mesmo que eu tentasse consertar as coisas, de alguma forma tentar mantê-la como era antes da minha decisão imprudente de dizer que a amava, mas as minhas tentativas falhas apenas serviram como combustível para acelerar a destruição.

           Tudo ruiu.

           Eu a via escapar pelos corredores, sendo puxada por Gabriella.

           Enquanto segurava rosas brancas.

           Eu lembro piamente de cada vocábulo que pensei nos dias subsequentes, em que implorava, na minha solidão, para que ela não desaparecesse em meio aquele tanto de gente, dando o ardor de sentir os espinhos perfurarem lentamente cada camada da minha derme ao ponto da ardência percorrer lentamente o meu sistema nervoso.

           Uma pancada sórdida.

           Carregada.

           Eu ansiava para que ela voltasse.

           As madrugadas abafadas de julho daquele ano se tornaram um mês exclusivo em que o nome de Eva permeava por meus pensamentos, do primeiro dia ao último sem cessar, nem por um único instante.

           Minha mãe me perguntava o que estava acontecendo.

           Eu apenas respondia que nada.

           Não queria falar sobre a dor de perder alguém que queria perto.

           Porém, naquele mesmo ano, minha mãe foi brutalmente assassinada, o que me fez afundar ainda mais em mim, mas não nego que esperei para que Eva aparecesse naquela noite chuvosa trazendo os seus abraços calorosos que me deixavam em paz diante da tormenta.

           Ela não veio.

           Durante a escola, apenas mantínhamos cordialidades.

           Nos tornamos meros colegas de classe.

           Agora, estamos um do lado do outro, sentados em cadeiras de cores amarronzadas e sendo iluminados por luzes amareladas vindas lá de fora enquanto encaramos a rua ser tomada por uma forte chuva que não cessava já fazia algum tempinho.

           Nenhuma palavra sequer.

           Minhas cordas vocais tinham sido desligadas.

Contenção: O EstopimTahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon