Capítulo 17

266 215 10
                                    

           Eu queria vomitar tudo aquilo que comi mais cedo.

           Meu estômago revirava.

           Sentia o bolo alimentar subindo e queimando pelo esôfago.

           A reação do meu organismo era somente uma consequência daquilo que os meus olhos estavam vendo, que era um homem ser devorado com tamanha ferocidade por cinco monstros, que talvez ontem fossem pessoas comuns que viviam sua vida normalmente.

           Antes do inferno.

           Três mordedores com aspectos físicos femininos.

           Os outros dois tinham aspectos masculinos.

           Alguns segundos atrás, este homem, que é devorado agora, era apenas um homem com capacete que cobria apenas a sua cabeça deixando o seu rosto, que aparentava estar numa transição de jovem para velho, com as linhas já à mostra e um cavanhaque que apresentava pelos brancos.

           Era um tanto alto.

           Usava uma calça jeans e uma jaqueta de couro marrom.

           Com as mãos escondidas por luvas.

           Sua moto, que era meio grande, pintada na cor preta, havia se chocado com um galho grande de árvore caído mais adiante, fazendo com que ele perdesse o equilíbrio, causando a sua queda bem no meio da rua.

           Uma de suas pernas estava com o osso exposto.

           O barulho da moto trouxe os mordedores para perto.

           Adicione os gritos de dor.

           Não nego que pensei em tentar salvá-lo antes que os devoradores o pegassem, porém, no instante que tomei a decisão de correr para tirá-lo dali, já era tarde demais para que eu pudesse fazer algo além de ficar observando-o ser devorado.

           - Por favor, parem! – ele implorava.

           Mais perto aqueles dentes afiados chegavam.

           - Alguém me ajuda, por favor! – disse ele tentando se arrastar.

           Mais dor ele sentiu.

           - Minha filha... – ele falou, um segundo antes de começarem a comê-lo.

           Agora eu encarava as duas mordedoras se deliciando com a perna, que o sujeito havia quebrado com a queda, completamente arrancada do corpo, enquanto os dois "machos" mordiam com tanta força ambos os braços daquela pessoa que rapidamente iriam conseguir separar do corpo também.

           O som de tecido se rasgando.

           Lentamente.

           As carnes soltando-se uma da outra.

           Ossos sendo cada vez mais expostos.

           Por fim, havia a mordedora arrancando com vontade as carnes do pescoço do homem, que estava com a cabeça virada para o lado em que nós estávamos escondidos por causa do barulho estrondoso da moto.

           Os monstros estão mais violentos.

           Sangue e mais sangue.

           Agora estava sobrando apenas a carcaça esquartejada do homem.

           Eu estou me segurando para não vomitar.

           O som de mastigação está tão alto que chega ao ponto de sentir como se estivessem invadindo, à base de força, o meu cérebro, tomado por inteiro pelo profundo desespero causado pela cena que acontecia naquele instante diante das minhas pupilas.

Contenção: O EstopimTempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang