Capítulo 27

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Nos estabelecemos tranquilamente.

            Sem qualquer fato surpreendente

            Colocamos nossas três mochilas em cima do balcão de mármore.

            O Thiago conseguiu ligar as luzes da parte interna da cozinha, onde se preparavam os sanduíches, mantendo o estabelecimento um tanto quanto iluminado, não muito, mas o suficiente para que pudéssemos nos situar onde ficavam alguns objetos, como as mesas.

            Além de acender o banheiro.

            Todos os quatros tipos de banheiro.

            Masculino, feminino e de pessoas com deficiência.

            O momento em que ele avisou que tinha ligado a luz foi quando me dei conta do quanto estava de fato apertado, pois não tinha tido tempo para poder me aliviar durante o trajeto, o que me fez ir correndo em direção ao primeiro box que encontrei.

            Foi constrangedor sair correndo.

            Ouvi as duas meninas dando risadinhas.

            Mas a sensação de alívio fez tudo isso ter pouca importância naquele momento.

            Assim que eu estava saindo do banheiro, depois de ter terminado de lavar a mão numa água danada de gelada, acabei me encontrando com ambas entrando no box feminino com alguns utensílios de higiene pessoal que não fui capaz de discriminar.

            Eu percebi os sorrisinhos.

            Senti a vergonha subir.

            - Vou cuidar da nossa comida... – eu disse.

            - Tá bom – Eva falou enquanto colocava a mão na maçaneta.

            - A água está muito gelada – eu avisei tentando me relaxar.

            Nada disseram, apenas entraram calmante no banheiro.

            Quando voltei para a região dos caixas percebi que Thiago estava fechando a porta outra vez com as mesmas técnicas que usa para adentrar e sair de locais enquanto eu procurava esvaziar a mochila de comida buscando alguns macarrões instantâneos que havia pegado nas lojas Inglesas, mas a minha curiosidade sobre como o Thi fazia aquilo pulsava dentro de mim.

            - Como que você faz isso? – deixei a dúvida me vencer.

            - Um mestre nunca revela seus segredos a um jovem aprendiz – ele respondeu com um sorriso sarcástico.

            Isso me frustrou um pouco.

            - Brincadeira, a técnica mais simples é basicamente você colocar qualquer coisa que seja de metal, fino o bastante, tipo aquele grampo de cabelo da Alice, e tentar girar até alcançar o ponto de destravamento como fiz mais cedo para abrir o cadeado da loja – ele foi muito didático explicando – Contudo, a forma que usei para abrir esta portinha aqui é um pouco mais complexa, mas assim que chegarmos na casa do Davi eu explico para você como que faz – Thiago falou retornando sua atenção a maçaneta da porta.

            Ele usava umas ferramentas que pareciam chaves de fenda.

            A maneira que ele as movimentava demonstrava uma certa dominância.

            Para alguém que supostamente apenas aprendeu vendo o irmão fazendo.

            - Seu irmão que te ensinou isso né?

Contenção: O EstopimOnde as histórias ganham vida. Descobre agora