Capítulo 13

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Foram um total de cinco tiros.

           Nós quatro corremos para o fundo da loja.

           Ficamos escondidos atrás do expositor de salgados.

           Eu tentei dar uma olhada no reflexo de alguns utensílios de metal, me fazendo perceber que não havia ninguém na porta de vidro com uma arma apontada para dentro da loja prontamente preparado para nos fazer folhas de papéis repletas de furos.         

            Nossas respirações estavam pesadas.

           Medo, muito medo.

           Eu podia sentir cada milímetro dos meus músculos se enrijecerem.

           Tateei a minha cintura, procurando a merda da faca que Davi tinha me dado, foi quando me lembrei que tinha deixado ela sobre a mesa da cozinha do colégio naquele instante em que fui ceifar a vida do Jonas.

           Eu não a peguei de volta.

           Merda, merda e merda.

           A única arma que tinha e eu simplesmente a esqueço.

           Tudo bem que uma faca de cozinha não tem como enfrentar uma pistola ou metralhadoras, mas ao menos nos dar uma chance, mesmo que mínima, de defesa contra qualquer coisa que ameaça a nossa sobrevivência.

           Eu estava me odiando.

           Culpando-me.

           Querendo que Eva me batesse com todas aquelas panelas por ter esquecido a faca.

           Meu coração estava batendo mais rápido que nunca.

           Encostados no expositor de salgados, podia ver o olhar apreensivo de Thiago, a Alice escondendo a face entre os joelhos e a Eva abraçando suas pernas fortemente com ambos os braços.

           Os tiros pararam.

           Um grito feminino de desespero.

           Para ser calado com a violência de uma voz masculina.

           - Cale a merda da boca mulher! – berrou um homem com sua voz grossa.

           - Você acabou de matar um representante do governo, seu idiota! – a mulher gritou de volta.

           - Paguei uma fortuna para que esse lixo fizesse sua parte do combinado! – berrou outra vez o homem – Esse merda aí nos prometeu avisar quando o fim começaria, para assim podermos receber as nossas dosagens de segurança e nos encaminhar para o local de segurança – continuou a dizer.

           - Olha os noticiários, essa desgraça já começou e ninguém avisou antes qual era a data planejada – o homem falou mais.

           - Agora tenho que ouvir esse moleque de terno meia grife dizendo "houve problemas na hora de nos comunicar", pois bem, a punição será com a morte – o homem disse – Somos importantes nesse país, Claudia – o homem permaneceu falando.

           - Lionel – pudemos ouvir Claudia falando.

           Acreditei que este fosse o nome do homem que berrava.

           - Se não fosse por causa da nossa empresa, jamais aquela ultrapassada marca estatal encontraria ouro aqui neste fim de mundo de país – Lionel continuou falando.

           - Lionel – Claudia falou outra vez.

           - Deixe que aqueles miseráveis e os de pompa de ricos que vivem no centro da cidade se fodam para aqueles bichos, cumprindo o plano de maior fartura para nós! – Lionel berrava com raiva.

Contenção: O EstopimOnde as histórias ganham vida. Descobre agora