Capítulo 22

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Gradativamente nos aproximamos.

            Passadas firmes.

            O estabelecimento foi ficando cada vez maior em nossas pupilas.

            A loja era um grande retângulo, semelhante ao formato de alguns shoppings populares da cidade, com as paredes pintadas em um tom branco queimado e seus portões, em conjunto com o letreiro do nome da empresa, possuíam a tinta vermelha escura.

            Era bem famosa.

            Poderíamos encontrar praticamente tudo naquele lugar.

            Desde marcas relativamente famosas a aqueles produtos de qualidade duvidosa.

            Nos últimos anos, essa empresa esteve no centro de muitas polêmicas devido ao seu suposto fundador começar a querer se envolver em política, sendo apoiador ferrenho do presidente no governo atual, que era um velho político querendo se pagar de nova face, contudo, tem sido muito pior que todos os anteriores.

            Esse dono era uma figura caricata, ao ponto de usar roupas toscas.

            Defender discursos de ódio.

            Tudo para agradar ao presidente.

            Uma vez, fuçando a rede social, me deparei com uma notícia de que o velho, que mais se parece com um vilão de história em quadrinho, tinha pedido para o presidente taxar qualquer comprar que fosse advinda de diversos países, principalmente da Ásia, com a desculpa de incentivar o mercado nacional já que a disputa era desleal.

            Balela, a mais pura balela.

            Tudo uma questão de vantagem.

            Já que a sua empresa fica para trás.

            O ilustríssimo presidente até balançou com a ideia porque queria agradar o fiel companheiro, que colocava sempre suas bolas na boca mesmo com escândalos cada vez mais frequentes, contudo, a opinião pública não aceitou a ideia, a rechaçando e fazendo com que o dono da empresa sumisse dos holofotes desde então.

            Não me dei ao trabalho de recordar o seu nome.

            Só sei que ele gosta de babar muito o imperialismo aplicado pelo capitalismo.

            Liberal no discurso, mas adora ganhar dinheiro sobre as nossas custas.

            Enfim, se tudo ocorrer bem, nós iremos simplesmente pegar aquilo que é importante para nós dentro de sua loja tão exaltada pelas propagandas de televisão, para, em subsequência, darmos no pé numa busca desesperada por um esconderijo.

            Pelo menos não gastaremos dinheiro.

            Isso é uma pontinha de alegria num mundo recém destruído.

            "Assaltar" a loja de um homem imbecil que enriqueceu nas costas dos outros.

            - Merda. Os portões estão fechados com cadeado – Thiago disse.

            Finalmente havíamos alcançado os portões, de cor vermelho escuro, da entrada para a enorme loja, só que, infelizmente, os portões não foram abertos. Tenho certeza de que nenhum funcionário do estabelecimento tenha conseguido chegar até esse lado da cidade.

            Por um lado aliviado, em saber que o estabelecimento estaria vazio.

            Mas completamente preocupado em saber como entraríamos.

Contenção: O EstopimWhere stories live. Discover now