Capítulo 25

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            Os meus pensamentos eram inconstantes.

            Conflituosos.

            Diversas situações ocorreram em mais ou menos doze horas.

            A mais recente era um jovem garoto chamado Jeon que tinha aparecido nas nossas costas com duas espadas em sua cintura, enquanto nos encarava com o olhar carregado do mais profundo breu, de forma que mal conseguíamos identificar sobre o sentimento que o percorria naquele instante.

            Ele permaneceu parado.

            Respondendo algumas perguntas.

            Colocando outros questionamentos.

            O que mais me estranha, nesse momento, é que em nenhum momento ele partiu para cima da gente, nem mesmo para saber o que tínhamos guardado na bolsa, mas, pelo contrário, se manteve diante de nós falando casualmente como se fossemos velhos amigos.

            Eu tenho certeza de que ele percebeu as bolsas cheias.

            Seria interessante para ele ao menos tentar descobrir o que tínhamos.

            A vantagem era dele também.

            Mesmo que ainda possa haver a crença de que há possibilidade de terem boas pessoas dentro desse caos completo que virou a cidade, tenho a sensação de que ele não se incluía nesse grupo e, até o momento, tem me esvaziado a esperança de que o número de pessoas boas vá aumentar.

            Jeon sabia demais.

            Isso era óbvio.

            Ele conhecia Karayan.

            Tinha completa ciência de que o suposto homem que vimos na televisão pertencia ao grupo desse homem misterioso, ele só não sabia que tinham derrubado um prédio do governo sem mais nem menos.

            Qual era o vínculo entre eles?

            Aliados ou rivais?

            Pela forma como Jeon se expressou pareciam ser inimigos.

            Um suposto plano que ele, juntamente com o líder de seu grupo, estava tentando evitar que viesse a se concretizar, mas estavam falhando, me levando a acreditar que talvez o grupo de Jeon e Jae seja relativamente fraco.

            Mas, qual era o plano?

            Estopim foi como o líder dele nomeou o dia de hoje.

            Outra loucura, pois eles já sabiam que isso aconteceria.

            Eu poderia definir a minha consciência agora como a mais completa bagunça, que ia desde o termo "semente" a uma tal missão que estaria completa, mas aquela frase sobre alguns segredos que deveriam permanecer ocultos, expressada por Jeon, me deixavam numa mistura de angústia e raiva.

            A sensação de estar preso em um emaranhado sombrio.

            Lentamente envolvendo os meus membros com sua teia.

            Enrolando-a em meu pescoço.

            O sentimento de ser algo muito mais grandioso, que tinha se iniciado hoje, me causava um tremendo sufocamento, reforçado a cada vez que pensava sobre a minha mãe estar envolvida nesse buraco que ficava cada vez mais profundo.

            Sentia medo do que poderia estar debaixo do tapete.

            Pela primeira vez, me vi repetindo a oração que aprendi na escola.

Contenção: O EstopimWhere stories live. Discover now