Capítulo 14

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Corremos o máximo que podíamos.

Nem olhamos para aquilo que nossas nucas podiam olhar.

Quase tropecei num pedaço de tronco largado na estrada.

Um ponto importante a se ressaltar era que nós todos tínhamos alcançado a via de número quarenta, que levava em direção à ponte, tendo apenas os asfaltos, porque era proibida a construção de residências naquela região.

Na realidade, havia em torno de cinco pontes nessa cidade, porque foi construído um enorme lago na época que a cidade ainda estava sendo erguida, o que aconteceu há, mais ou menos, uns cinquenta e cinco anos.

A ponte "Enseada", que ligava a parte norte com a sul, era a mais requisitada pelo turismo e essas coisas, devido a sua arquitetura moderna, com três arcos enormes, e havia pontes menores, como a "Dança da Lagoas", que servia para auxiliar na travessia impedida pelo córrego intenso que passava por ali, vindo de nascentes que iriam abastecer o lago artificial.

Nós estávamos na parte norte da cidade.

Ou privilegiada.

Indo em direção ao nosso oeste para conseguirmos finalizar a primeira parte do objetivo.

Após a ponte teríamos que seguir mais alguns quilômetros.

Eu e a minha mãe gostávamos de vir aqui justamente porque o movimento era mínimo, podendo assim apreciar a imagem do pôr do sol, junto à cidade ao horizonte, que se preparava para a noite.

Sempre ao fim do trabalho dela.

Final de tarde.

Às dezessete horas.

Percebi Thiago parando de correr, quase se jogando no chão por causa da dor no joelho, que o corroía, tendo uma expressão de mais absoluta angústia, fazendo com que todos nós parássemos no mesmo instante.

- Dor? – perguntei tentando recuperar o fôlego.

- Muita – disse Thiago com a voz embargada.

- Tirando a dor de Thiago, estão todos bem? – questionei.

Todos disseram que sim com as cabeças.

Olhei para o acostamento.

O céu continuava um nublado sombrio.

- Vamos nos sentar ali, pessoal – disse apontando para o lado da pista.

- Comemos e descansamos um pouco antes de voltarmos o trajeto – sugeri.

Eles me olharam com receio.

Se aquele homem tivesse nos seguido.

Thiago até mesmo fazia força para continuar.

- Relaxem, nos distanciamos o suficiente. Vamos apenas comer e logo depois continuamos, pode ser? – tentei passar calma com minha sugestão.

Eu não nego que tinha um receio enorme sobre o meu ser de que aquele homem atirasse outra vez, só que o endereço desses tiros fosse para nós quatro.

Mantive-me em alerta, contudo, a nossa fome também estava cobrando um preço elevado, nos forçando a parar de qualquer forma para nos recompor.

Caminhamos até a parte lateral.

Thiago se sentou com a perna esticada.

O restante, incluindo a mim, também se sentou.

Contenção: O EstopimOnde as histórias ganham vida. Descobre agora