Capítulo 2

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O trajeto foi tranquilo.

Caminhei por uma cidade que ainda estava acordando.

Cheguei rapidamente ao colégio.

Aqui estou.

Para evitar os olhares de pena, devido ao fator traumático que ocorreu em minha vida, apenas caminho em direção a minha sala, focado no chão de tons amarronzados com contrastes cinzas de cimento.

Era o segundo andar da escola.

O piso ao qual os mais velhos pertenciam.

Eu estava no último ano.

Estudo nesse colégio chamado São Rafael desde os dois anos de idade para que a minha mãe pudesse ir trabalhar tranquilamente, sendo assim, conheço desde os portões pintados de azul na entrada até as salas ocultas, que alguns alunos usam para experimentar coisas novas, mesmo sendo um colégio com valores cristãos fervorosos.

Na primeira e na última sexta feira do mês era dia de ir à capela.

A turma inteira tinha que orar ao Senhor.

Eu admito que somente rezei na infância, depois que cheguei na adolescência fui apenas fingindo, porque passou a ser um ato completamente sem sentido para mim e trazia uma sensação de desconforto estar ali diante uma imagem de um homem crucificado.

Dispensando os meus pensamentos nostálgicos.

Alcançando a sala.

Estagnando por um instante na porta da sala.

Reparando dentro dela, havia poucas pessoas ali presentes, pelas minhas contas, havia umas seis de dezesseis.

Três garotas e três garotos.

Minha turma era pequena porque era política da escola.

Repeti mentalmente o lema que sempre diziam: "Quanto menos cabeças, maior será o número de ideias a serem introjetadas".

Dando uma olhada panorâmica.

Ninguém tinha me notado ainda.

Todos estavam em seus lugares marcados.

Meus olhos logo se focaram em Eva, que tinha o tom de pele pardo, com um sorriso de ver dentes lindos e cabelos perfeitamente lisos de cor preta, sendo ela uma gênia em forma de ser humano, a garota da qual eu era um grande amigo há uns quatro anos, mas quando disse que a amava acabamos nos afastamos.

Mal trocamos palavras atualmente.

Somente cordialidade.

Sentado ao seu lado estava Davi, com os olhos fechados, que tem uma coloração parda mais forte do que a sua colega e com seu cabelo crespo de cor preta, além de estar sempre calado e ausente, como se estivesse pensando sobre assuntos que estão além da nossa compreensão, e todas as vezes conversamos demonstrou ser exímio em reflexões filosóficas e um astuto entendedor de armas e estratégias militares.

Conversamos durante os intervalos.

Eu o considero um amigo.

Ou melhor, um colega com certa intimidade.

Dando outra olhada na sala percebi a Alice, que possuía uma altura relativamente baixa e um cabelo encaracolado, era a que estava mais escondida, no fim da sala, mexendo em seu celular e a conhecia apenas pelos desabafos que tivemos a um tempo atrás sobre a vida ser sombria demais.

Contenção: O EstopimWhere stories live. Discover now