Capítulo Dezenove - II

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Sobre Jungkook... Apertou a bolsa contra o corpo e baixou os cílios escuros quando encarou seus próprios pés. Jungkook tinha sido internado numa clínica psiquiátrica dois dias depois após o surto que teve em sua frente, por causa de sua condição mental e psicológica, o julgamento foi adiado ainda mais. De acordo com a juíza responsável pelo caso, bem como o psicólogo judicial e a advogada do réu, Jungkook não tinha condições necessárias para responder ao próprio julgamento.

Jungkook conseguiu um prazo de três meses.

As portas se abriram, ele voltou a caminhar em passos largos.

— Boa noite, doutor Park!

— Boa noite.

Jungkook não falava, na verdade, tudo o que fazia quando estava acordado era ficar parado, olhando o vão, preso em seu próprio mundo, mesmo com toda a medicação. Ele sabia que aquele comportamento era normal para o quadro de depressão severa e transtorno de estresse pós-traumático e, ainda que doesse vê-lo naquele estado, Jimin se confortava com o fato de que estava havendo uma grande melhoria a cada dia. Os ferimentos de Jungkook estavam cicatrizando bem e este respondia às interações sociais com movimentos oculares cada vez mais. No começo, não havia nada, apenas a imobilidade e o silêncio, mas aos poucos Jungkook estava melhorando..

Assim que entrou no carro, seu celular vibrou no bolso. Era Jeon Seokjin.

— Olá, Jin.

Como você está, Jimin?

Ligações como aquela tornaram-se frequentes também. Seokjin ligava quase todas as noites e com a mesma frequência ele visitava a residência Jeon.

Sammy sentia falta do pai, mas o visitava quase todas as vezes que Seokjin ia à clínica. O destino era um jogador estranho, seus motivos não eram claros na maioria das vezes, por isso ele evitava tentar entender e fazer perguntas, mas de todo modo, era impossível não notar aquela jogada... Por mais de um ano, Jungkook conversou com Sammy sem ouvir respostas, porém desde o último mês a situação tinha invertido. Sammy falava com Jungkook, mostrava fotos e desenhos, porém tudo o que recebia eram olhares.

E...

Sammy estava sendo paciente. Como um homenzinho, Sammy estava refletindo toda a paciência que Jungkook o ensinou, Sammy estava devolvendo todo o amor que recebeu.

Contudo, Sammy ainda era uma criança, com dúvidas e mentalidade não madura, era por isso que ele estava se dedicando tanto a cuidar da criança. Sammy havia moldado e interpretado seu próprio sequestro de outra maneira, estava tão fascinado pela ideia de que o pai era um herói que durante todo o acontecimento, confiou que Jungkook iria buscá-lo, que tudo não passava de uma missão, assim como nos filmes. É claro que a criança estava tendo acompanhamento psicológico, mas Jimin estava feliz por Sammy não ter regredido nas falas.

Além disso, ele tinha feito uma promessa. Sorriu sozinho assim que passou seu nome para o recepcionista da clínica. Ele tinha feito uma promessa a Jungkook. Queria que Jungkook ficasse bom longo, ele queria que o mais velho visse que Sammy estava crescendo forte e saudável.

Queria dizer todas as palavras que não pôde dizer antes.

Queria dizer aquelas três palavras. Mesmo que Jungkook não mais retribuísse os seus sentimentos, ele queria dizer que o amava e o amava tanto que se contentaria em viver sabendo que ao menos em uma parte de sua vida, Jungkook também o amou.

Assim que chegou em frente a porta alheia, tocou a maçaneta fria, forçando-a para baixo antes de entrar no quarto. Assim que elevou a visão, a primeira coisa que viu foi o olhar da enfermeira sobre ele. A mulher vestida de branco segurava uma colher cheia de sopa sobre uma tigela posta num suporte. Ela o lançou um olhar de complacência, vez ou outra ela comentava algo sobre o progresso de Jungkook durante todos aqueles dias.

O Delator de Copas - JikookOnde histórias criam vida. Descubra agora