Capítulo Dezessete

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Capítulo Dezessete

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#NaoConfieNasCartas

#FantasmaJeon


Os Japoneses costumam dizer que o ser humano tem três faces:

A primeira é a que mostramos ao mundo;

A segunda é aquela que mostramos para entes que amamos;

E a terceira é uma que nunca mostramos, aquela que somente nós mesmos vemos, sendo assim, nosso próprio reflexo.

No entanto, ele começou a sentir aversão ao que via na frente do espelho e aos poucos, seu reflexo estava tornando-se seu inimigo, seu julgador. Parado em frente ao espelho de seu banheiro, Jungkook encarou seu rosto e seu corpo nu, tinha acabado de tomar banho após o passeio na praça. Ali já não estava um homem que tinha decisões firmes e a perspectiva de mundo perfeita. Ali já não existia um homem indubitável, tudo o que ele via era um homem com um coração acelerado, com uma pressão absurda na cabeça que o dizia para parar antes que pudesse se machucar, alguém confuso e completamente hesitante.

Aquela face não escondia um homem implacável, na verdade, naquela face estava todas as inseguranças que por anos ele reprimiu. Porém, por algum motivo tão nebuloso quanto as tempestades de verão, ele não era capaz de atravessar o véu que cobria o motivo para ele estar daquela forma tão vacilante. Ele não era capaz de enxergar o erro. Onde ele estava errando? Por que ele estava se sentindo culpado? Por que parecia tão errado estar com Park Jimin se seu pai tinha pedido para que ele ficasse próximo?

Park Jimin. Quando entrou pela porta da frente, ele achou que seria apenas um médico como qualquer outro — embora, esperasse que seu trabalho fosse melhor do que o dos anteriores —, mas Jimin começou a falar e invadir os cômodos de sua mente sem que ele pudesse ter tempo para trancar as portas. Toda a confusão que estava sentindo era causada pela presença de um homem nem tão grande assim.

Ele precisava ficar longe, mas isso iria contra os desejos de El Capo.

Suas pernas, talvez, fossem mais obedientes que seu cérebro, porque enquanto sua mente o tentava afastar, suas pernas o levava diretamente àquele médico.

Sentiu uma pontada no peito como se uma enorme agulha o tivesse atravessado, sua respiração foi cortada, seus pulmões haviam sido reduzidos a sua própria funcionalidade com dificuldade, o ar simplesmente não entrava, por mais que ele tentasse, não entrava. Sua mente começou girar, era como se ele não pudesse mais se sustentar de pé, apoiou-se na bancada, acabou derrubando alguns objetos quando sua visão foi tomada pela escuridão da ansiedade.

Suas pernas amoleceram, não havia forças em seu corpo e tudo o que pôde fazer foi chorar. Não porque queria, as lágrimas simplesmente forçaram a saída e molharam seu rosto de forma cortante. De sua boca apenas o silêncio dos gemidos sôfregos escapavam, seu coração foi perfurado outras vezes mais e quando finalmente o oxigênio entrou, ele estava de joelhos sobre o chão, os braços caídos nas laterais de seu corpo e o rosto contorcido em meio choro e dor.

Havia tanto tempo que ele não chorava, derramar aquelas lágrimas foi como tirar dele parte de um peso que parecia nunca ter fim. E enquanto chorava, não conseguia se sentir menos estúpido.

O Delator de Copas - JikookWhere stories live. Discover now