Capítulo Sete - II

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ATENÇÃO: o texto contém assassinato e tortura psicológica explícitos. 

#NaoConfieNasCartas

#FantasmaPark


Capítulo Sete

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Saudade.

Havia um significado muito amplo nas entrelinhas de seu significado geral, Jungkook bem sabia disso, havia experimentado vários tipos de saudades. Saudade de uma pequena parte da infância; saudade de U2 e Bon Jovi; saudade de Jisoo; saudade da voz de seu filho; de sua mãe; da presença de Jimin; do trabalho na Unidade e naquele instante, sentiu saudade de acordar, acordar seu filho e ir trabalhar para a NCI.

Saudade, principalmente, de quando sua vida não parecia tão ameaçada. Ameaçada por seus próprios erros. Ameaçada por sua covardia. Se Jeon Sam não existisse, provavelmente ele teria desistido de existir também, mas concluir isso o fazia perceber ainda mais como era um covarde. Tudo o que estava vivenciando era resultado de suas ações e escolhas, qualquer ação havia reação, era a lei mais óbvia, primordial para o entendimento de tudo e mesmo assim, ele era incapaz de cometer ações que resultassem em reações menos colapsantes.

Sua existência era o erro.

Ele passou tempo demais fingindo não perceber aquilo porque quis acreditar que um dia, finalmente, ele perceberia que não havia erro algum nele. Mas isso era praticamente impossível. Não conseguia nem mesmo ser um bom filho. Céus! Ele tinha se afogado na autodepreciação, conseguia ver o reflexo da depressão refletindo o seu interior.

Ele caminhou lentamente pela extensa ladrilha de pedras geométricas que se estendia por toda a entrada da mansão residida por Santiago Hernández. Ele visitou aquela casa duas únicas vezes, após isso, todos os seus encontros foram feitos em um dos prédios de seu pai biológico. Ele nunca reparou antes, mas observando a forma como os jardins eram bem cuidados, a forma como os ciprestes italianos guiavam todo o caminho ladrilhado, tudo era tão limpo, bonito e convidativo, parecia até mesmo como um teatro, uma camuflagem, ele só não entendeu porque sentiu aquilo durante sua observação.

Subiu os degraus do alpendre da enorme porta e então foi barrado pelos seguranças que ele nunca viu antes. Baixou o olhar, sentia-se exausto demais, como se não dormisse por dias.

— Eu sou... — Hesitou quando sua boca foi temperada por um amargor incomum. — Eu sou o filho mais velho de El Papa Hernández — quando terminou de falar, viu um dos homens levar os dedos até a escuta presa ao ouvido e em seguida ambos afastaram-se, deixando para trás uma mesura de noventa graus.

As enormes portas foram abertas, mas ele já era esperado por uma mulher há alguns passos. Ela usava batom vermelho e vestido preto quando sorriu para ele sem abandonar a postura perfeita.

— Eu senti saudades, Jungkook — Genevieve saudou. Ela sempre dizia aquilo, porém ele nunca reparou como soava genuíno.

Em todo esse tempo ele viveu esquecendo de observar os detalhes mais importantes. Então, sorriu, mesmo que pequeno ele sorriu, porque também nunca tinha se dado conta de como aquela mulher sempre parecia gentil com ele, sorriu porque nunca sorriu para ela em todos esses anos.

O Delator de Copas - JikookWhere stories live. Discover now