Você está estranha.

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Eu queria saber se tem lugar sobrando para sua sogra nessa casa. - Elize foi até nossa nova casa pra conhecer.

- Mas é claro. Minha sogra é bem vinda aqui todos os dias. Aliás, essa casa também é sua.

- Ai Dora, eu não sei descrever o orgulho que tenho de você e da Catra, sua mãe e sua avó ficariam mais orgulhosas ainda.

Adora não consegue segurar o choro.

Abraço ela e vamos até a varanda fofocar.

- A sua irmã é muito abusada, ela foi em casa e disse que eu tinha que parar de sair. Eu estou na metade da vida, tenho mais é que curtir.

- Exatamente, mas a senhora tem que chamar a gente também.

Digo rindo. Eu sinto falta de sair com a minha mãe. Eu, ela e a Scórpia. As coisas estão diferentes agora.

- Eu sei, mas eu não quero ser um incômodo. Vocês estão no auge da vida, desejo conquistas incríveis pra você e pra Adora, filha.

Ficamos um bom tempo conversando.
Anoiteceu e Adora levou minha mãe para a casa. Eu fiquei com o Melog fazendo muitos nadas até ela chegar.

Adora está estranha desde o dia que ela falou sobre casar. Ela não consegue manter uma conversa, sempre cai na risada por motivo nenhum. Ou às vezes muda de assunto do nada. Sempre que chega do trabalho, vai direto para o quarto e só fala comigo quando sai de lá.

- Amor, você tá bem? - Desligo a televisão e olho pra ela que já está na metade da escada.

- Claro que eu tô bem. Você tá bem?

- Ah, tô bem. - A campainha toca nos fazendo olhar em sintonia para a porta. - Uma hora dessa? Convidou alguém?

- É uma encomenda minha, deixa que eu atendo. - Ela sai correndo pra porta. Volta com uma caixa consideravelmente grande que ela carrega sem esforço.

- O que é?

- Nada. - Ela sobe para o quarto.

Eu fico me mordendo de curiosidade pra saber o que é. Subo as escadas devagar, tentando não fazer barulho.

- Eita, é lindo. - Ouço a voz dela vindo da porta do quarto.

Abro a porta bem rápido e ela esconde as mãos atrás de si.

- Agora você esconde coisas de mim, Adora? - Cruzo os braços com um sorriso malicioso.

- E... Eu? Que isso, babe. Pega água pra mim?

Do nada?

- Antes me mostra o que tem aí. - Tento pegar a mão dela mas ela fica desviando.

- Caramba amor, para de ser curiosa. É uma coisa minha.

Bom, eu não vou invadir o espaço dela. Ela compra o que quiser, ela tem dinheiro e pode fazer isso.

***

ADORA P.O.V. ON

Ela sai do quarto e consigo esconder aquilo onde eu tenho certeza que ela não vai achar. Escondo a caixa também. Ela quase me descobre.

Enfim, eu estou tentando fazer o possível para ser discreta mas eu não consigo. Que ódio. Eu quero tudo em seu devido lugar e do meu jeito. Se ela descobrir, eu estou fodida.

Passou mais ou menos duas semanas depois de chegar minha encomenda e ela quase me descobrir. A gente se esbarra na empresa, se encontra no banheiro privado do meu escritório, se é que me entende. Ela está me ajudando pra caralho. Tanto na empresa como na vida.

Eu não sei como me sentir ultimamente. Estou quase contando pra todo mundo mas eu não posso. Isso vai acabar com tudo.

- Oi minha loirinha! Quer ajuda com alguma coisa? - Ela senta no meu colo olhando os papéis em cima da mesa.

- Uou, se você provocar a sua chefe vou ter que te demitir. - Me ajeito na cadeira para ela ficar mais confortável no meu colo.

- Boa tarde, senhorita Adora. Quer que eu assine is... - Ela olha pra nós e dá alguns passos para trás. - Me desculpa chefe, eu não sabia que estavam...

- Tudo bem, Allana. E sim, quero que assine essas coisas pra mim, mas leva a Catra com você ou vou demitir ela. - Ela dá uma risada meia boca. Acho que deixei minha ajudante pessoal envergonhada.

- Não vou porque você mandou, mas sim porquê Allana é minha amiga. - As duas saem e eu consigo respirar mais uma vez, consegui ficar mais um dia sem abrir minha boca.

Passou uma hora e as duas ainda não voltaram com meus papéis. Preciso ir até uma escola perto daqui buscar alguns encaminhamentos de alunos.

Entro na sala da Allana que não é muito longe da minha. As duas estão vendo alguma coisa no celular que, assim que eu chego, elas escondem.

- Pensei que fossem voltar para minha sala.

- Desculpa chefe, a Catra estava me mostrando algumas alianças. - Engulo seco. - Acho que meu namorado vai pedir minha mão.

- Bom, nesse caso, felicidades pra você. Mas eu preciso mesmo desses papéis, Allana.

- A gente assinou, só esqueci de levar.

- Leva na minha sala por favor. Ah, Catra, eu não vou voltar pra cá, vou direto pra casa. Te espero lá.

Ela vem correndo me abraçar e me dá um selinho demorado.

- Eu te amo. - Ela sussurra no meu ouvido, fazendo meu corpo todo arrepiar.



















Aquela Garota.Där berättelser lever. Upptäck nu