Castaspella

1.5K 118 146
                                    

- Eu já te falei pra tomar tudo.

- Que saco mãe, eu odeio chá. - Afasto a xícara de perto de mim.

- Nem todos né. - Adora interrompe.

Viro e olho pra ela, a loira está encostada na porta olhando minha mãe me forçar a tomar aquele maldito chá.

- De qual ela gosta, Dora?

- O chá de... de... de erva-doce! Mas ele acabou, quer que eu vá comprar mais?

- Eu vou, aproveito e faço a compra dessa casa, vocês estão vivendo do que? De miojo? Lanche? - Adora dá as chaves do carro pra Elize e ela sai.

- Jura Adora? Nem todos?

Ela não segura a risada.

- Não tem graça, besta. Vai arrumar o quarto antes que mamãe decida arrumar a casa toda e ache nossas coisas.

Ela faz. Subo pra tomar um banho, talvez eu me sinta muito melhor. Quero ficar bem logo, não aguento mais ficar deitada e dependendo dos outros pra cuidar de mim.

Depois de sair do banheiro eu percebo que esqueci a toalha no quarto. Vou de fininho tentando não molhar o chão.

Adora me olha na porta. Eu olho pra ela. Ela me olha de novo.

- Nem pense nisso. - Digo.

- Mas eu só estou te olhando, você é maravilhosa. Vem cá deixa eu te abraçar.

- Não Adora, eu tô doente e daqui a pouco minha mãe chega.

- Você que veio aqui no quarto pelada, me provocar certeza.

- Sua doida, eu vim buscar a toalha.

Pego a toalha sem tirar os olhos dela. Vou me afastando devagar.

- Seca o chão, eu molhei ele por sua causa.

- Vai logo, vai pegar friagem.

Me troco no banheiro mesmo, não quero mais atiçar aquela menina que tem um fogo inimaginável.

Ouço a buzina do carro e vou ajudar a carregar a compra mas Adora desce correndo.

- Você fica paradinha aí, lá fora está o maior frio e você não pode fazer esforço.

- Mas Adora...

Ela fecha a porta e vai ajudar minha mãe.

Aproveito pra dar uma olhada nas redes sociais. Jenny preocupada comigo e se culpando pela minha virose. Scórpia contando as boiolices dela com a Perfuma, Entrapta me mandando vídeos dela fazendo um site como trabalho de faculdade e, do nada, um número desconhecido me manda mensagem.

Número desconhecido: Bom dia, Catra! É a professora de Educação Física, Castaspella . Fiquei sabendo que você estava doente por algumas alunas. Melhoras! Percebi que Adora não tem vindo nos treinos, está tudo bem com ela?

Só pode ser brincadeira. Como ela conseguiu meu número?

Adora entra pela porta carregando 5 sacolas como se fosse a coisa mais fácil do mundo.

- Amor, não precisa guardar a compra, deixa que eu faço isso. - Antes dela sair eu a chamo. Mostro a tela do celular e ela lê com calma.

- Oshi, que perseguição é essa? - Ela fala indo até a porta de novo ajudar minha mãe.

- Quer que eu resolva? - Grito pra ela me ouvir lá de fora.

- Depois falamos disso.

***

- Tô melhor mãe, eu juro! Vai pra casa descansar.

Naquela mesma noite jantamos juntas, falamos sobre a faculdade e minha mãe querendo saber de tudo sobre a empresa da Adora. Eu me alimentei bem graças a mamãe e estou me sentindo mil vezes melhor. Ela já está aqui a uns dois dias, acho melhor ela ir pra casa.

- Me liga qualquer coisa, cuida dela em Dora! - Ela fala fechando a porta atrás de si.

Vamos até o quarto, nos arrumamos e deitamos.

- Amanhã vou pra faculdade. E nem adianta me impedir.

- Não vai não, não está 100% melhor ainda! Para de ser teimosa.

Ela fica me encarando até eu rir.
Ouço um miado e vou abrir a porta pro Melog poder entrar.

- Então... O que vamos fazer? -

- Você vai falar com a nossa professora e eu vou dormir com meu denguinho. - Acaricio a barriga quentinha do Melog.

Eu estou tentando não surtar com esse negócio de professora atrás da minha namorada. Jenny falou pra eu não ligar muito que essas coisas sempre acontecem.

***

Já estou na sala tentando me concentrar no tema. Só tentando mesmo.

Cintilante: Festa na minha casa hoje! Às 20h!

Ótimo! Era o que eu estava precisando. Finalmente a Cintilante salvando a pátria com uma festa.

Espero não encontrar problemas lá.

O sinal toca e vou encontrar Adora no campo pra falar sobre a tal festa.

- Amor, recebeu também? Nós vamos né?

- Claro que vamos, boba. - Vejo a professora atrás dela nos olhando, que mulher doida.

- Adora. - Coloco minhas coisas na grama sintética e tiro uma mecha loira de seus olhos para que eu consiga ver perfeitamente aquele rostinho lindo. - Você me ama?

- Catra?! É claro, claro que eu te amo. Por que não te amaria?

- Tem motivo pra não me amar, Adora? - Tiro minhas mãos do rosto dela.

- Ih! Você tá querendo brigar, já senti isso. - Adora pega minhas coisas da grama e me entrega.

- É assim? Tá me mandando embora pra poder ficar sozinha com a outra? - Eu só estou brincando mas acho que ela levou a sério.

- É Catra, não precisa desse ciúmes todo. - Ela sai andando.

Namorada grossa que me odeia, chata, insuportável, como eu odeio ela.

Mentira, eu amo ela sim.

Eu não quero ficar brigada então vou correndo até ela. Agarro a maior por trás e fico ali segurando sua cintura até ela falar ou fazer alguma coisa.

- O que foi?

- Me desculpa, me desculpa, me desculpa. Você nunca leva essas coisas a sério, pensei que hoje não seria diferente.

Ela vira pra mim e suspira bem fundo. Explica que está se sentindo desconfortável perto da própria treinadora, alguém que ela se espelhava e admirava muito.

Se eu pudesse proteger ela de tudo e todos, eu faria. Adora é tão boa com as pessoas que acham que podem se aproveitar dela.

- Vida, quer que eu fique aqui com você até a hora de saírmos?

- Quero muito. - Ela me dá um selinho. - Te amo, pequena.

Ouço um apito forte e vejo ela correndo até o meio do campo.

- Eu também te amo. - Sussuro vendo ela de longe.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
apareci! não me matem! como vcs estão? bebam água. <3

Aquela Garota.Onde as histórias ganham vida. Descobre agora