Eu te entendo

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Está escurecendo e elas ainda estão jogando. Queria subir pro quarto e ver o pôr do sol de lá, é tão lindo.

- Amor? - Falo mais alto pra Adora ouvir.

- Fala! - Ela grita sem me olhar.

Deu até um desânimo.

Vou até o mar e me sento na areia, olhando o sol se esconder no horizonte e o céu ficar mais colorido.

A praia está vazia. Ganho a liberdade para andar por aí já que ninguém está prestando atenção em mim.

Dou algumas estrelinhas e mortais na areia. A sensação de liberdade é indescritível. Ainda não acredito que estou vivendo isso.

Vou até o mar e consigo sentir conchas dando pontadas na sola dos meus pés.

A água é tão limpa que consigo ver a cor e o formato de cada concha. Pego algumas e guardo na bolsa.

Dou estrelinhas sem parar, uma atrás da outra. Paro quando fico sem ar e já estou longe. Olho para trás e Adora está tentando me alcançar.

- Amor? Você... Você faz aquelas coisas que as ginastas fazem. É lindo demais.

- Valeu. - Ela estende a mão mas eu recuso.

Não sei se fico chateada por ela pedir pra eu sair ou se fico com raiva.

- Vamos sair pra beber, querem ir?

- Não. - Digo imediatamente.

- Sim. - A loira fala.

Adora me olha meio confusa.

- Vai se quiser, vou pro quarto. Foi legal conhecer vocês. - Pego as coisas e saio andando.

- Amor, por que não quer ir?

- Só não quero.

Adora mexe na bolsa e pega algumas coisas, não vi o que era. Ela não me segue.

Tomei banho, comi um pouco, arrumei o quarto e fiquei na cama mexendo no celular.

Já são 00h57 e ela ainda não voltou.

Tá tudo bem, Catra. Ela está se divertindo.
Estou com sono e não sei se consigo esperar ela chegar.

Deixo a luz acesa e adormeço.

Tenho medo de escuro sim.

***

- Dormiu? - Ela sussurra.

Acordo ansiosa, finalmente chegou.

Ela tira a calça e a camisa, ficando só de top e calcinha box. Não sei se agarro a boca dela de saudade ou continuo emburrada.

Me deito virada para o outro lado mas ela puxa minha cintura, ficando como a conchinha maior.

Me afasto.

- Já entendi, Catra. - Ela se afasta também e apaga a luz.

- Entendeu o que?

- Que você está de mal humor.

Sento na cama e fico encarando ela. Mal humor?

- Teu rabo. Você que me deixou sozinha hoje, e vem falar que entendeu? Você não sabe de nada.

- Não sei? Então me fala.

Deito e fico olhando o teto, tentando acabar logo aquele assunto.

- Fala Catra.

- Não consigo.

- Como não? Claro que consegue. - Já estou com vontade de chorar só de pensar nisso.

Não consigo segurar.

- Que droga, Adora! A única pessoa que eu tinha era a minha irmã, depois que começamos a namorar você era a única. Nunca me importei de ficar sozinha, mas é cansativo, é estranho. Eu só queria que ficasse comigo. Ficasse dessa vez, só dessa vez, Adora. Eu sei que não sou a melhor namorada desse mundo mas eu tento. - Não consigo ficar séria então começo chorar ali mesmo.

A loira me agarra num abraço bem apertado.

- Me desculpa, me desculpa, me desculpa. Eu não queria que se sentisse assim. - Ela me olha e limpa minhas lágrimas. - Amor.

- Fala.

- Desculpa. - Ela passa a mão no meu rosto.

- Agora sabe como eu me sinto, saco.

Nos deitamos e ela me puxa mais pra perto. Ela afasta meu cabelo da orelha e fica com a boca bem ali pertinho.

- Eu te amo tanto Catra, você nem faz ideia. - Ela sussurra, e continua... - Você foi a melhor coisa que me aconteceu. É minha menina, minha boba, minha gatinha e meu cogumelo. - Ela ri. - Eu juro que nunca vou te deixar sozinha, pequena. Eu sou meio besta tem vezes mas é porque eu sou besta mesmo, não sei não fazer besteira e não sei quando isso te machuca. Desculpa por não ser tão presente quando você gostaria.

- Eu te amo. - Falamos ao mesmo tempo. Me viro para a garota que me envolve num abraço.

***

- Bom dia, cogumelinho. - Adora está segurando uma bandeja com o que seria meu café da manhã.

- Bom dia, Dora. Para de me chamar assim, sua drogada.

Ela coloca a bandeja em cima da cama e me dá um selinho demorado. Eu me sinto bem mais leve, soltei tudo que estava guardado e espero que ela consiga me entender.

O ano está acabando e estamos indo fazer umas compras. Eu não queria ir mas Adora é muito insistente.

Pegamos um táxi e fomos até o centro da ilha, há várias lojas formais com cada peça de roupa mais linda que a outra.

- Toma. - Adora me estende o cartão de crédito.

- Oi?

- Pega amor, compra o que gostar.

- Mommy? Sorry.

Ela dá uma risada nasal e um selinho em mim. Nossos caminhos se descruzam e entro em uma loja de ternos.

Ternos ou vestidos?

Os dois. Compro um vestido branco com brilhantes, um blazer combinando e um salto pequeno branco com brilhantes também, bem chique. Vai ser minha primeira virada do ano com a Adora, tenho que estar no mínimo apresentável.

Vou até uma praça de alimentação e ligo pra Elize. Ela e a mana estão bem, parece que estão se preparando para a virada do ano também.

- Amor? - Adora toca meu ombro.

- Como foi? Comprou o que?

- Surpresa, princesa.

Aquela Garota.Where stories live. Discover now