ONDE ESTÁ RIZZ?

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- Bom dia, Adora. - Fiz um café da manhã pra ela bem reforçado. Ontem ela se desidratou de tanto chorar e dormiu à tarde até hoje de manhã. Abro as janelas expondo a luz do sol no rosto da garota.

- Hoje não tem aula. - Ela cobre o rosto com a coberta.

Decidi ficar aqui com ela até Mara voltar, avisei a Elize e as meninas, só preciso tirar ela da cama.

- Levanta, vamos caminhar ou assistir alguma coisa.

Ela levanta toda desengonçada e toma o café: não é nada demais, só algumas torradas com geleia de morango e achocolatado.

Dou algumas peças de roupa pra ela e coloco ela no banho. Desço pra arrumar a bagunça que fiz e meu celular toca. É a Mara de novo.

Conversamos sobre a Rizz e ela piorou. Mara pediu pra levar a Adora no hospital mais tarde. Como vou falar isso pra ela?

- Quem era? - A loira pergunta pegando uma maçã na fruteira.

- Mara. - Ela paralisa no meio da mordida. - Está tudo bem, só pediu pra ir no hospital de tarde.

Ela sai desesperadamente procurando a chave do carro.

- Adora, ela disse mais tarde. - Falo colocando as mãos em seus ombros fortes porém tensos.

A loira respira fundo e se joga no sofá.

- Deixa eu te distrair, quer assistir alguma coisa? - Ela dá de ombros.

- Kakegurui.

- Kake o que, mulher? - Fico olhando pra ela com cara de dúvida.

- É um anime. Assiste comigo?

A bagunça já está arrumada, por que não? Me ajeito no sofá e a loira deita sobre minhas pernas.

- ADORA, ELA VAI... ELA VAI... 50 MILHÕES? - A loira ri freneticamente.

- Calma, vai chegar a parte boa.

- Gosta mesmo disso?

- Eu amo. Agora assiste.

Meu telefone vibra e é uma mensagem da Mara, perguntando se a Adora poderia ir agora. Aviso a loira e ela pula do sofá e pega a chave que já estava do seu lado. Vou até o quarto da Mara onde deixei minhas coisas, pego minha mochila com algumas coisas necessárias e damos partida.

O hospital está vazio e silencioso, eu gosto desse tipo de tranquilidade mas não desse jeito. Vamos até a recepção pedir informações. Logo logo a loira vai poder entrar e ver a avó.

- Mara, pelos céus, ONDE ESTÁ A RIZZ? - Adora sai correndo para alcançar Mara que sai de um corredor escuro.

A mulher olha pra Adora e depois pra mim. Olha de novo pra Adora e começa a chorar abraçando a irmã.

A loira entende o desespero e também começa a chorar. Essa sensação de ver alguém que você ama em uma situação horrível e não poder fazer nada deve ser perturbadora.

Mara nos convida para entrar. Fico na porta esperando as duas saírem.

Depois de uma hora as duas saem. Adora está pálida, sem reação nenhuma no rosto.

- Catra, obrigada por vir. - Mara me puxa de canto para uma conversa a sós.

- O que aconteceu?

- A Rizz piorou muito. Adora não conseguiu conter a emoção d... - A morena caí no choro e eu a abraço. - Amanhã vão desligar os aparelhos que estão mantendo a Rizz viva, infelizmente eles não podem fazer mais nada. É um câncer no estômago que foi descoberto já avançado.

Levo minha mão até a boca tentando conter a emoção para não chorar também. Agora só o que posso fazer é cuidar da Adora.

Nos despedimos e fomos pra casa.

A loira está completamente devastada. Ela mal entra na casa e já começa a derrubar todos os móveis. Quebra todas as decorações de vidro.

- ADORA! - Tento agarrá-la mas sem sucesso. Fico parada encolhida enquanto vejo o caos que ela está. Até ela pegar um vaso grande de vidro que fica ao lado da TV e quebrar ele com as próprias mãos.

Corro até ela e a forço pra cair no chão com um abraço pois não tenho força pra segurá-la.

- Ela não pode... me deixar... não pode. - Ela tenta falar em meio aos soluços do choro. - Isso não pode acontecer.

Vejo que sua mão não para de sangrar e a levo direito para um banho.

Ela se levanta meio tonta. Ligo o chuveiro e começo a despir a loira que mal tem forças para ficar de pé. Limpos suas mãos que não param de sangrar. Ajudo ela a se vestir e vou para o quarto da Mara dormir.

- Fica. - Ela fala mas não tira os olhos do chão.

- Mas Adora, eu n...

- Por favor, Catra.

Acenei positivamente com a cabeça e fui tomar um banho também. Eu não imagino o sofrimento que ela está sentindo. Não sei o que fazer. Mara me deixou aqui pra cuidar da loira mas não sei por onde começar.

Liguei pra Scórpia depois do banho, expliquei o que aconteceu e nem a garota sabe o que me dizer.

Resolvi ligar pra Entrapta, fazia muito tempo que não nos falávamos e ela leva jeito com as palavras.

Entrapta Geek 💜: "Ei, só o que ela precisa agora é de alguém e esse alguém é você. Sabe Felina, eu também perdi minha mãe muito cedo e foi uma sensação tão horrível, me senti tão sozinha. Dá um abraço na Adora por mim, fiquei feliz por ter ligado. Se cuida, Felina!"

Essa Geek sempre sabendo o que dizer.

Arrumo a sala que a Adora virou de cabeça para baixo, recolho todos os vidros e passo pano na poça de sangue que ela deixou.

Subo até seu quarto e coloco um colchão ao lado de sua cama para que eu possa dormir.

Me encolho na ponta da cama da loira e dou um beijo em sua testa.

- Descansa, amanhã o dia vai ser longo, princesa! - Sussuro.

Aquela Garota.Onde as histórias ganham vida. Descobre agora