Prólogo

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        Dentro de uma sala fria, completamente isolada acusticamente, havendo apenas uma única porta, em que internamente somente uma luz cintilante de tom amarelado cumpria com ardor a função de iluminar a mesa repleta de documentos extremamente confidenciais, que somente o alto escalão dos principais governos sabiam.

           Apenas duas pessoas, homens que aparentavam ter por volta de seus cinquenta anos, usando jalecos estavam ali se encarando em um silêncio que chegava a ser angustiante, como se o temor do simples gesto de falar sobre o assunto fosse um berro que todo o mundo pudesse ouvir.

           Jogando no lixo os planos que demoraram mais de cinquenta anos para ser iniciado e desenvolvido.

           O homem a quebrar o silêncio possuía coloração um tanto branca, uma altura mediana, que poderia passar a sensação de imposição quando estivesse de pé, e o seu rosto é repleto de marcas da idade e de estresse, pois sua a barba estava cheia e sem fazer há bastante tempo, demonstrando cansaço.

           Ele estava nervoso ao ponto que as gotas de suor eram visíveis em sua face.

           Sua voz era vacilante e monótona.

- As crianças? – o homem branco perguntou.

- Estão em segurança e estarão prontas quando for o momento certo – o outro homem disse.

           O homem que prontamente respondeu apresentava uma coloração corporal negra, com uma estatura alta que fazia com que qualquer um tivesse respeito por estar próximo de ti e o seu rosto aparentava jovialidade e a sensação de estar completamente revigorado por causa da barba feita há alguns dias.

           Em sua feição demonstrava uma enorme ansiedade por escapar dali o mais rápido possível.

           Sua voz era ampla e grossa.

- A cobaia já está em fase de testes? – o homem negro questionou.

- Sim – apenas respondeu o outro e complementou:

- Faltam corrigir alguns defeitos no quesito de RNA que estão falhando, fazendo com que os genes não se sustentem por muito tempo, mas logo poderão ser injetados nas crianças.

O outro homem questionou outra vez:

- O terceiro protótipo está finalizado? - perguntou.

- Praticamente – respondeu.

O homem de rosto jovem retornou a falar:

- Certo, se tudo ocorrer de acordo como o planejado, temos em torno de vinte anos ainda para que o plano seja posto em prática, iniciando assim a reestruturação global.

           Ele encarou o calendário preso na parede desse cômodo mal iluminado e notou que se tratava do dia vinte e cinco de maio do ano de dois mil e dois e logo foi averiguar o seu relógio, notando que já era praticamente uma hora da manhã do dia seguinte.

           Ambos queriam sair dali, porém, antes que isso fosse possível, eles falaram pela última vez:

- A fase final está iniciada – disse o ansioso.

- A fase final está iniciada – repetiu o nervoso.

Prosseguiu o homem alto:

- Será tempo suficiente para esses recém-nascidos crescerem e se desenvolverem com as suas famílias adotivas e, quando for o momento de eclosão, tudo mudará no mundo.

- Tudo mudará – repetiu o sujeito com a barba cheia.

           Instantes depois, ambos ficaram em um completo silêncio encarando as suas pupilas de mesma cor, que era um preto sombrio e sugador como um poço.

           Suas respirações eram pesadas.

           A tensão estava borbulhando, porque aquele lugar e tudo que havia ali dentro, desde a sala ou os complexos do prédio subterrâneo desenvolvidos somente para esses projetos, eram o mais absoluto segredo, até mesmo para algumas pessoas que estavam nas instâncias superiores do governo.

           Poucos sabiam e menos ainda deveriam saber.

           Havia algo enorme em jogo e apenas os que estavam lá dentro sabiam.

           Sentindo o temor aumentar a cada segundo, rapidamente ambos os homens se levantaram e recolheram os documentos que estavam sobre a mesa, para que, assim, pudessem voltar aos seus projetos designados.

           Mas, antes de irem para porta e escaparem dali, ambos se olharam uma última vez, quando colocaram suas mãos esquerdas abertas sobre o centro do peito de cada um, que estava coberto por camisas sociais brancas.

           Disseram o lema que tem sido repetido pelos últimos cinquenta anos.

           Falaram juntos:

- Pela aurora da nova civilização! - ambos articularam.

Contenção: O EstopimWhere stories live. Discover now