capítulo 22: por inteiro

3.7K 286 89
                                    

Não sei como fomos parar ali tão rápido.

Depois do beijo incrível, eu apenas me deixei ser levada por Aaron.

Meu coração estava acelerado. Eu estava nervosa. Mas apenas confiei nele. Confiei que iríamos ter um momento único.

Ele me levou para um bairro simples.

Era bem mais sombrio que o bairro de Jason e estranhei no primeiro momento. Era algo novo para mim, mas não repugnante. Meus pais surtariam se pudessem me ver agora.

Casas simples e com pintura gasta estavam por toda parte. O asfalto da rua tinha pequenas crateras e Aaron desviava delas com destreza. Na garupa da moto, eu analisava tudo durante aquela noite.

Ele finalmente freou a moto em frente a uma construção comum, de cor branca. Era sua casa?

— Minha casa. Pode ficar a vontade. — ele disse assim que abriu a porta.

Aaron procurou o interruptor e logo a luz invadiu a pequena sala. Ele trancou a porta atrás de nós e adentrei seu espaço, checando discretamente o que podia. Havia uma TV simples próxima a dois sofás. Alguns porta-retratos estavam sobre uma mesinha e me aproximei.

— Você mora sozinho aqui?

— Vivo com minha irmã.

Sua irmã. Eu me lembrava dela das notícias que vi na internet. A irmã que ele defendeu anos atrás. Ela devia amá-lo muito pelo ato de coragem.

Peguei um porta-retratos. Era de uma menininha muito fofa de cabelos escuros e olhos tão verdes e bonitos quanto os de Aaron. Eram muito parecidos. Ela exibia um sorriso na fotografia.

— É ela? — mostrei o porta-retratos.

— Sim. Se chama Maya. Tem cinco anos.

— Que nome bonito. Ela é muito fofa também. Parece com você. — disse admirada, colocando a foto no lugar. Ao lado dela havia outras: uma de Aaron bem mais novo com uma carranca no rosto, como se não quisesse tirar a foto e outra de uma jovem muito bonita. Reconheci alguns traços de Aaron em seu rosto. Quem seria?

Curiosa, peguei o retrato, mas não perguntei nada. Ele podia não gostar da minha intromissão.

— Essa é minha mãe. — eu o encarei. Aaron engoliu em seco. — Quer dizer, era minha mãe.

O peso da palavra "era" causou uma tristeza em mim e compreendi tudo imediatamente. Ela não estava mais viva.

— Sinto muito mesmo. — disse com sinceridade, devolvendo a foto para seu lugar antes de me aproximar dele.

Enlacei seu pescoço enquanto ele me aproximava mais de si, com as mãos em minha cintura.

— Eu também sinto. Sinceramente... É uma longa história. — murmurou com a voz tensa. Aaron era tão jovem, mas tinha passado por tanta coisa ruim. Talvez até mais do que os noticiários apontavam. — Podemos mudar de assunto?

— Sim, podemos. — exibi um breve sorriso e ele sorriu de volta, meio aliviado.

— Então que tal conhecer meu quarto? — disse cheio de intenções.

Franzi o cenho.

— Sua irmã...

— Ela não está aqui. — fiquei confusa e Aaron continuou. — Um dia quero te apresentar a Abigail e ao marido dela, Mike. Eles ficaram responsáveis por Maya depois que fui para o reformatório pela segunda vez. Cederam um lar provisório para minha irmã e rapidamente conseguiram sua tutoria. Depois que saí daquele lugar, os dois conseguiram me acolher também. Foi difícil, mas lutaram por isso. Sempre quando fico fora durante a noite, deixo Maya na casa de Aby e Mike para dormir lá.

Para Sempre, JulietWhere stories live. Discover now