capítulo 3: trocando mensagens

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Juliet

Na mesa de jantar enorme só se ouvia o barulho dos talheres e da minha própria respiração tensa.

Meu pai estava na ponta da mesa e comia sem deixar escapar qualquer ruído. Minha mãe por sua vez estava concentrada em sua comida e algumas vezes provava seu vinho caro. Fora isso eu sequer tentei puxar assunto. Sei que eles não responderiam, então decidi comer em silêncio.

Para eles isso tudo era perfeito demais.

Para mim, a perfeição era irritante.

Por que não éramos como uma família normal, cheia de manias? Eu preferia assim a ter pais que pareciam feitos de mármore.

Os empregados que rodeavam a mesa esperavam a próxima ordem em silêncio; então sem chance de tentar algum assunto na mesa de jantar.

— Estarei indo para o Brasil amanhã. Provavelmente ficarei lá até semana que vem. — meu pai se pronunciou, quebrando o silêncio. — Se tudo der certo, estaremos abrindo um restaurante nesse lugar.

— Espero que feche o negócio, querido. Nossa família não é conhecida por falhas. — disse mamãe, encarando sua taça.

Engoli em seco, esforçando-me ao máximo para não fugir desse jantar direto para meu quarto.

Eles sempre acabavam falando de negócios e mal tinham tempo para mim ou até para eles mesmos. Isso tudo era irritante.

— A cadeia de restaurantes Connelly está se expandindo cada vez mais. Papai ficaria orgulhoso se ainda estivesse vivo. — disse pensativo, então me encarou. Fiquei rígida em meu assento, esperando suas próximas palavras. — Sua mãe infelizmente não pôde me dar um filho homem, e nasceu você. — reprimi as lágrimas, assentido para suas palavras. Eu já devia ter me acostumado com elas. — Então fique sabendo que herdará tudo o que é nosso um dia e espero que não nos decepcione. Busque sempre a perfeição, querida Juliet.

Assenti outra vez, engolindo em seco.

— Sim, papai.

— Seja motivo de orgulho para mim, é apenas o que peço. Além disso...

— Nossa filha já é motivo de orgulho, Eric.

— Não me interrompa, Margaret. — reprendeu minha mãe, que se calou. Torci as mãos em meu colo. — Ser capitã do grupo de dança ou uma das mais inteligentes da escola ainda não é o bastante. — ele me encarou; os olhos frios como gelo. — Você só mostrará competência quando passar a dirigir os negócios da família. Aí sim veremos se é forte o bastante para carregar o legado Connelly.

— Entendo, papai. — murmurei de cabeça baixa. — Eu não vou decepcioná-lo. Fique tranquilo.

— Assim espero. — voltou a comer.



#*#


No quarto, após o banho, decidi checar minhas mensagens. Assim que entrei no grupo que minhas amigas fizeram, percebi que estavam online.

Madison: Ei, Juliet.

Eu: Ei. E as outras meninas?

Raylee: Estou bem aqui.

Raylee: Janet, Mia, e Donna estão off-line. Então aproveitando...

Raylee: Que tal falarmos sobre o que aconteceu hoje na saída da escola?

Bufei ao me lembrar do idiota que nos deu um banho de água suja sem qualquer motivo aparente. Eu tive que lavar meu uniforme longe dos olhos dos meus pais ou dos empregados. Esses últimos não perderiam tempo antes de fofocar. Se meu pai soubesse, coitado do garoto arrogante que estava sobre aquela moto. De qualquer forma, eu não queria confusão com alguém que perecia ser perigoso, além de lindo.

Lindo?!

Enrubesci.

O que estou pensando?!

Eu: Não quero falar sobre isso.

Madison: Mas é o melhor assunto do momento.

Revirei os olhos, mesmo que elas não pudessem ver.

Raylee: Vocês viram aquele rosto de bad boy mal humorado? Tão perfeito.

Lembro-me que fiquei surpresa assim que ele se livrou do capacete. Eu não esperava que um garoto tão lindo estivesse por trás da vergonha que passamos. Eu não podia negar que seu rosto bem desenhado e sua boca levemente carnuda me impressionaram, além dos olhos verdes e intensos.

Decidi afastar esse garoto da cabeça.

Madison: Claro que eu notei aquela perfeição da natureza. Como um simples bolsista pode ser tão gostoso assim?

Raylee: não sei, mas era lindo e aquela voz...

Madison: Sério, aquela voz grave e rouca me deixou de pernas bambas. Juro que fiquei molhada na hora.

Corei, indignada com as palavras de Madison. Ela não tinha filtro mesmo.

Eu: Vocês estão malucas? Esqueceram que aquele babaca nos envergonhou e ainda me ameaçou na frente da escola inteira?

Raylee: Acho que ele só falou da boca pra fora, apesar de ter me passado uma sensação de perigo.

Madison: E é justamente essa sensação que quase me fez pedir o número dele. Se ele for um delinquente, eu não me importo de me arriscar com ele.

Não acreditei que estava lendo isso. Madison enlouqueceu.

Eu: Vou fingir que não estou lendo essas besteiras, até porque estou prestes a ter meu sono da beleza.

Raylee: Seu pai soube algo do que aconteceu na escola? Você contou?

Eu: Não. Corri direto para o lavabo. Se ele ou minha mãe descobrirem vão fazer milhares de perguntas. Além disso, não quero encrencar o garoto.

Madison: Hm, então você ficou interessada? Está até protegendo ele.

Bufei.

Eu: Claro que não, Madi. Só não vou confiar naquele garoto. Ele provavelmente é de alguma gangue e pode querer retaliação. Não sou burra a ponto de pensar que ele não vai fazer nada.

Raylee: Acho que ele não está envolvido com o crime ou essas coisas. Aquele garoto deve ser muito inteligente para ter ganhado uma bolsa de estudo em nossa escola, ou talvez seja filho de alguém influente.

Eu: Fala sério! Ele provavelmente é um bolsista.

Madison: Ou algum riquinho que gosta de se misturar com a ralé.

Fiquei pensando nisso, então me dei conta de que essa era uma atitude idiota. Não me interessava de quem ele era filho ou se era algum bolsista. Ele me irritou essa tarde e isso foi motivo suficiente para eu querer distância dele.

Despedi-me das garotas, então tentei dormir. Isso foi impossível, porque meus pensamentos sempre se direcionavam para aquele babaca arrogante e, talvez, perigoso.


#*#

Eita, que Aaron está causando kkk

Espero que tenham gostado🌸

Para Sempre, JulietWhere stories live. Discover now