capítulo 1: primeira impressão

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Chicago, Illinois

A melodia de High Hopes ecoava pelo cômodo enquanto eu procurava meu uniforme dentro do armário

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A melodia de High Hopes ecoava pelo cômodo enquanto eu procurava meu uniforme dentro do armário.  

Dobrei a toalha branca e a depositei em cima de uma cadeira, antes de vestir a saia preta. Posicionei o casaco escuro por cima da camiseta branca e fechei alguns botões. Parte da gravata era da cor azul marinho e outra era dourada, enquanto a saia escura chegava à metade das coxas.

Penteei os cabelos escuros e longos, pus o brilho labial de cor cereja, e calcei minhas sapatilhas, antes de correr para fora do quarto.

Freei meus passos assim que vi minha mãe seguindo no sentido contrário pelo corredor.

Como sempre ela tinha um semblante frio e rígido. Os cabelos escuros estavam presos em um coque e o rosto, apesar de jovem, continha certa dose de decepção.

— Conserte essa postura, Juliet. Quero-a perfeita para seu primeiro dia de aula.

— Sim, mamãe. — simulei alegria. — Serei perfeita, como sempre.

— Prefiro assim. Você é linda, filha. Não desperdice tanta beleza e inteligência com gestos idiotas.

Meu sorriso falso quase se apagou. Quase.

Assenti, pronta para lhe dar um abraço.

Como esperado, ela se afastou.

— Não quero que amasse seu uniforme. Além disso, acabei de fazer a maquiagem. Aposto que você não ia querer que eu parecesse horrível a essa hora da manhã, não é mesmo, querida?

— Tem razão. — forcei outro sorriso. Eu era expert nisso. — Preciso ir para a escola. Não posso me atrasar no primeiro dia.

— Claro, eu odiaria isso. Aliás, o motorista está esperando lá fora.

Eu me despedi uma última vez e segui calmamente pelo corredor. Desci a escada e respirei fundo assim que entrei em contato com o ar fresco do lado de fora da mansão. Segui pela grama meio úmida, avistando Peter de longe.

— Bom dia, senhorita.

Dessa vez eu não insisti para que ele não me chamasse de senhorita. Nunca funcionava mesmo, então apenas retribuí o cumprimento antes de entrar na BMW. Peter arrancou com o veículo, em uma velocidade razoável.

Aproveitando o silêncio dentro do automóvel, puxei um livro da mochila e o abri na página em que havia parado pela madrugada. Fixei meus olhos nas letras escuras e recordei as palavras de Madison sobre livros históricos serem caretas. Suas palavras me perseguiram por tanto tempo, que acabei decidindo ler somente quando estivesse sozinha. A solidão era uma espécie de casulo extremamente confortável para mim.

— Chegamos, senhorita. — Peter disse um tempo depois.

Deixei o livro sobre o banco antes de descer do carro.

Para Sempre, JulietWhere stories live. Discover now