capítulo 6: provocações

3.7K 332 53
                                    

Juliet

Uma semana depois...

No intervalo, procurei Dustin entre tantos alunos, mas não obtive qualquer sinal. Ele enviou uma mensagem para meu celular sobre está me esperando próximo ao vigésimo quinto armário, mas é claro que não o encontrei.

Respirei fundo, até que notei uma sombra sobre mim no corredor.

Uma mão masculina espalmou o armário, ao lado de minha cabeça, e eu ergui o rosto, intrigada.

Aaron me encarava, impassível.

Ignorei as batidas frenéticas do meu coração e o encarei confusa. Tentei não me prender aos detalhes do seu rosto perfeito enquanto falava:

— O que está fazendo aqui?

— Eu estudo aqui. — disse irônico.

— Hm, me refiro a ter se aproximado de mim. Você devia saber que não suporto sua presença.

Ele riu, o que me irritou.

— Sério, abelha rainha? — zombou. — Eu me esforcei para estar nessa escola, então você vai ter que me aturar.

Engoli em seco, tentando ignorar o peso dessas palavras. Ao invés de demonstrar fraqueza, olhei-o friamente.

— Saia de perto de mim, seu... bolsista medíocre!

Sua postura mudou drasticamente e eu temi quando ele me imprensou contra o armário, causando um barulho contra o material metálico e rendendo uma série de olhares no corredor.

Eu era capaz de sentir sua respiração contra meu rosto. Fechei os olhos, alarmada.

— Eu não ligo para essa merda que você chama de insulto. Não me importo com a grana do seu pai, e quero deixar bem claro que você não passa de uma vadia de nariz em pé; fresca e mimada. — rosnou entredentes.

— Me solta. — murmurei com o coração aos pulos. Estávamos praticamente grudados contra o armário.

— Okay. — ele se afastou. — Quando cruzar comigo em qualquer lugar, fica na sua, entendeu?

— Eu que devia estar falando isso. — virei o rosto.

Dustin seguia pelo corredor em nossa direção e seu semblante estava tenso.

— O que está havendo aqui? — questionou ao ficar do nosso lado.

Ele pousou a mão contra minha bochecha e notei os olhos de Aaron seguirem cada movimento seu.

— Nada, Dustin. — murmurei sem querer encarar Aaron.

— Esse cara te fez alguma coisa?

— Não fez nada. — murmurei entredentes.

— Você ouviu o que ela disse, né? Não fiz nada. — Aaron lançou um olhar indiferente para Dustin, que assentiu como um filhotinho assustado.

— Vamos, Dustin. Nossos amigos devem está no refeitório. — puxei meu namorado pelo corredor, deixando Aaron para trás.

#*#

Dustin apertou minha mão por cima da mesa e eu fingi adorar o gesto. Nem sei por que ainda o namorava. Meus pais o amavam e Dustin tinha uma enorme influência na escola e por onde passava, apesar de ser um garoto muito mimado.

Eu até gostava dele, mas não o suficiente para me entregar da forma como ele queria. Mas se meus pais estavam satisfeitos com esse namoro, eu não me importava em fingir.

Desde que fomos apresentados em um jantar na mansão de meus pais, ficamos próximos. Desde então, tenho agido como a namorada perfeita e nos respeitamos mutuamente.

Lancei um olhar para o outro lado do refeitório, observando disfarçadamente o grupinho que acompanhava Aaron James. Eles eram bem barulhentos e me empertiguei na cadeira quando o olhar do líder do bando cruzou com o meu.

Um par de olhos verdes me acertou como adagas. Aaron parecia concentrado em decifrar meu semblante tenso, e o garoto sentado ao seu lado falou algo em seu ouvido antes de apontar para minha mesa. Aaron riu em seguida e um olhar de relance para Madison me fez ver que ela parecia abalada. Continuei olhando para ela e vi o exato momento em que sorriu para Aaron, que apenas a ignorou. O sorriso dela murchou em questão de segundos e ela parecia decepcionada.

Franzi o cenho.

O que estava acontecendo?

Decidi não perder decifrando algo assim, então fingi interesse em minhas unhas recentemente pintadas. Senti lábios contra a minha bochecha e me virei, encarando Dustin, que tinha um sorriso no rosto.

— Pensei em sairmos sábado à noite. Tenho uma programação maneira pra gente.

Sorri brevemente.

— Para onde?

— É surpresa, mas você vai gostar. — sorriu, revelando dentes perfeitamente brancos.

Dustin Lawrence era bonito. Tinha cabelos castanhos, quase loiros, e os olhos tinham um leve tom de azul; o sonho de consumo de qualquer garota, além de ser rico.

Sua aparência e todo o resto me causavam uma série de dúvidas como: por que eu não era perdidamente apaixonada por ele? Por que eu não sentia as famosas borboletas no estômago sempre que nos beijávamos?

Eram tantas perguntas, e nenhuma resposta.

Se Dustin incendiasse meus sentimentos, a chance de eu me apaixonar seria maior. Meus pais ficariam felizes e eu ainda mais, porém...

Talvez eu não passasse de uma princesa do gelo. Fria e sem sentimentos.

Só isso explicava minha reação a Dustin.

— Promete que vai ser legal? — questionei, vendo-o segurar minha mão por cima da mesa.

O restante de nossos amigos mantinha uma conversa animada na mesa, mas Dustin parecia concentrado apenas em mim.

— Sim, minha linda Juliet. Prometo que vai ser legal. — ele se aproximou, e ignorando o alerta inconveniente para eu me afastar, deixei que Dustin me beijasse lentamente.

O gesto não era de todo mau, e quando ele se afastou, olhei por reflexo para o outro lado.

Aaron nos encarava, com as mãos cruzadas sob a mandíbula.

Engoli em seco. Não saber identificar o sentimento preso em seus olhos me incomodava.

Desviei o olhar, irritada com minhas próprias reações a ele. De toda forma, eu não podia negar para mim mesma que enquanto Dustin gelava meus sentimentos, Aaron James os incendiava com apenas um olhar.

Para Sempre, JulietWhere stories live. Discover now