Capítulo 27 - A Dolorosa verdade.

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Vitor narrando:

Estava tentando me concentrar na minha amiga de baia, Ketelin, quando minha cabeça começou a doer fortemente.  Meus olhos estavam travando uma luta interna para se manterem abertos. A minha vista ficou turva e aos poucos tudo foi ficando escuro. Escutava Ketelin perguntar se eu estava bem pela cara que eu fazia, mas eu já não tinha mais força para me manter firme e acabei indo direto ao chão. Ainda deu pra escutar a babaca da Keletin gritar: "Gente, a bicha caiu aqui e não foi num pau, ajuda caralho!"

...

...

... Eu acordava...

....abria os olhos......e enxergava uma luz...

Uma bola de luz estava diante de mim em um quarto branco. Aos poucos ia recobrando a consciência e conseguia entender onde eu estava. Estava em uma sala grande, junto de outras pessoas que eram medicadas. Olhei para o meu lado e vi o saco de soro que se ligava ao meu braço. Parece que eu desmaiei e vim parar na puta que pariu.

Olhei em volta e o lugar era assustador. Digo, tem um monte de pessoas machucadas aqui, muitas gritavam de dor e tinha um homem cheio de furo aqui. Peraí, TEM UM HOMEM BALEADO AQUI??? Senhor, socoooorroooo! Onde caralho eu vim parar.

Tentei levantar, mas uma mão me puxou de volta, era a minha mãe. Ela estava aqui comigo, mas eu não tinha percebido antes. Quase chorei em ver um rosto conhecido.

- Mãe, pelo amor da Chicungunha, onde eu estou?

- Você desmaiou filho, por isso que está aqui. - Falou minha mãe.

- Eu desmaiei? Como assim gente, só me lembro de atender o telefone e... agora estou aqui com a porra de um homem baleado. - Falei olhando para o indivíduo que tinha cara de poucos amigos. 

- Shiiu!!! - Assoviou minha mãe desesperada - Cala a boca Vitor, esse homem aí é bandido e sobreviveu a 27 tiros. Gente do cão esse ai. - Falou minha mãe mega preocupada.

- Quê? Marginal? Onde eu estou? Hospital Morningstar? - Falei incrédulo.

- Aqui é o Hospital Salgado Filho, meu amor. - Falou minha mãe.

- Estou pelo SUS? Agora entendi o porque da sala estar cheia de gente. - Falei olhando em volta.

- Sim filho, nós não temos plano de saúde. Infelizmente é isso que temos pra hoje. - Falou minha mãe.

- Me lembre de procurar um plano de saúde assim que eu sair daqui. - Eu falei.

- Falando em "sair daqui", o que custava ouvir a sua mãe? Eu não falei que você ia ter um treco na rua quando saísse, menino? Você quer ser enterrado agora ou depois? Do jeitinho que você falou comigo em casa! - Falou a minha mãe puta com as mãos na cintura.

Eu nem lembrava direito do que conversamos em casa, mas é claro que ela não ia deixar passar essa em branco né, afinal, ela é a minha mãe.

- Dá pra me dar um desconto? Estou acordando de um desmaio agora. - Eu falei incrédulo.

- Dá porra nenhuma. Larguei teus irmãos na Dalva só para poder vir te ver. Imagina o meu susto quando me ligam do teu trabalho pra avisar que o meu menino desmaiou e foi de ambulância para o hospital. - Falou minha mãe com os olhos ficando cheios de água.

- Calma mãe, eu estou bem. - Falei mostrando um sorriso no rosto.

- Tá nada, tá nada! Se estivesse bom mesmo não estaria em cima de uma cama de hospital! Só vou me acalmar depois que você receber alta. - Falou minha mãe.

É talvez ela tenha razão, mas eu não vou dar o braço a torcer, né non? Acabou que eu estava na sala amarela em atendimento. É tipo uma UTI. Esperei o médico vir me examinar e passar os exames que eu precisava para saber o que á de errado comigo. Depois que fiz todos os exames eu fui encaminhado para um quarto coletivo com outros garotos da minha faixa etária para receber os cuidados. Tinham 5 camas, mas só tinha eu e + 2 garotos ali. 

Meu Jogador FavoritoWhere stories live. Discover now