37 - Adeus

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Andrew demorou mais do que eu imaginava, mas saiu de lá de dentro com a barba feita

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Andrew demorou mais do que eu imaginava, mas saiu de lá de dentro com a barba feita. Estava usando uma bermuda de moletom e secava seu cabelo, assim como eu fizera minutos antes.

— Então, vocês dois irão juntos para o trabalho amanhã. — Comentei enquanto ele caminhava até a cama.

— Será só por hoje. — Avisou. — Eles estavam terminando de dedetizar e amanhã já estaria disponível.

Andrew se deitou ao meu lado com uma boa distância entre nossos corpos. Ao olhar para o teto me perguntei se deveria aproveitar o momento para contar sobre sua mãe. Mas Samantha estava ali e eu não queria que presenciasse uma possível briga nossa.

— Você parece distante, devo me preocupar? — Perguntou ao virar-se para mim.

— Pensamentos. — Respondi. — Pensamentos que não me deixam dormir.

— Se você estiver incomodada por causa de Samantha... — Iniciou falando mas o interrompi.

— Samantha é um dos meus menores problemas agora. — Afirmei.

A minha vontade de provocá-lo havia passado. Agora eu me encontrara pensativa e com medo das consequências que a minha atitude pudesse trazer.

Sem medo do que ele poderia pensar, o abracei. O abracei sentindo como se aquele pudesse ser nosso último abraço. Com o coração apertado, tendo a certeza que seria a nossa última vez juntos caso algo viesse a acontecer.

O corpo dele se encaixou bem no meu, e afundei minha cabeça em seu pescoço, sentindo o cheiro do seu perfume.

— Eu te amo céu. — Sussurrou baixinho.

— Eu te amo Andrew. — Sussurrei também.

Fora uma noite tranquila para dormir no seu abraço, em sua companhia. Fazia tempo que não dormia tão bem e saber que ele também conseguia controlar seu sono e não ter mais pesadelos, me deixava ainda mais feliz.

Preparei um rápido café enquanto ele ajudava Lilly a se vestir e não demorou muito para que Samantha aparecesse toda produzida para ir a empresa. Imagino que talvez ela houvesse derramado o frasco inteiro do seu perfume em seu corpo, porque seu cheiro estava impregnado na cozinha toda.

— Bom dia Valerie. — Saudou enquanto enchia uma xícara de café.

— Bom dia Samantha, espero que tenha dormido bem. — Menti.

— Eu preferia o colchão do quarto de Andrew, mas também estava ótimo. — Falou me encarando.

Não era possível que ela tinha audácia de falar aquilo para mim, ainda mais quando sabia que estávamos em um possível relacionamento.

Andrew se aproximou com Lilly e a sentou na cadeira.

— Estavam falando de mim? — Brincou ele.

— Sempre. — Respondi. — Samantha estava falando que está com saudades do seu colchão.

Andrew cuspiu o café na mesa, o que fez Lilly dar muitas gargalhadas com a cena. Imediatamente peguei um pano para limpar sua sujeira.

Quando ele estava prestes a falar algo, a campainha do seu apartamento tocou.

Andrew levantou atender a porta e um breve silêncio de estendeu pela casa.

— Mamãe? — Falou alto, fazendo com que pudéssemos escutar.

A expressão de Samantha fora tão surpresa quanto a minha.

Respirei fundo e dei alguns passos até que chegasse a sala.

— Você não vai me convidar para entrar? — Sua mãe perguntou, puxando duas malas que estavam atrás dela.

— O que você está fazendo aqui? — Andrew perguntou com a voz séria.

— Vim conhecer a minha neta, quanto tempo mais você iria escondê-la de mim? — Perguntou ao adentrar.

Andrew me olhou confuso e perdido e assim que os olhos de sua mãe se encontraram com os meus, seus braços se levantaram e preencheram meu corpo.

— Graças a você querida, muito obrigada por ter me contado tudo. — Agradeceu enquanto me apertava.

— Céu, o que você fez? — Andrew perguntou confuso.

— Valerie me ligou e me contou tudo, disse que eu estava precisando voltar para fazermos as pazes. — Sua mãe explicou.

E eu simplesmente não estava preparada para o que estava por vir.

— Você o que? — Perguntou se aproximando a passos lentos. — Como você pôde passar por cima de mim? Como você pôde ligar para ela e contar tudo sem falar comigo? Quem você acha que é para se meter na minha vida desse jeito? Você não tinha o direito! Você não sabe nada do que aconteceu para falar que temos que fazer as pazes!

— Andrew, acalme-se. — Pedi. — Eu sei que você está chateado comigo, mas...

— Chateado? — Ele riu nervoso, quando lágrimas já estavam brotando em seus olhos. — Você me traiu, você traiu a minha confiança. Me apunhalou pelas costas. Você sabe de quanto tempo precisei de terapia para superar tudo e agora faz isso?

— Eu sinto muito, mas Lilly merecia saber que tem uma avó e sua mãe também que tem uma neta. — Tentei explicar meu ponto de vista.

— Eu quero que você pegue todas as suas coisas e vá embora agora. — Mandou aos berros. — SAI!

Tentando controlar as lágrimas, retirei tudo que havia de meu naquela casa. Lilly estava assustada com a gritaria e queria ir embora comigo, mas foi contida por seu tio que a pegou no colo.

— Titia. — Me chamou.

— Outro dia nos vemos querida. — Falei em meio ao choro.

— Nem pense em voltar e se aproximar da Lilly. — Avisou Andrew. — Não precisamos de uma traidora em nossas vidas.

Não consegui dizer nada, mal conseguia respirar direito. Mas toda aquela cena só me fez ter certeza que se eu precisava de uma prova para saber se nosso amor suportaria tudo, eu tive a certeza que não.

Nosso amor ainda não era tão forte como eu imaginava que poderia se tornar. Nós não havíamos tido muito tempo para construir sentimentos mais sólidos e duradouros. Havíamos nos encontrado pouco tempo, sabe-se lá se chegava a seis meses e embora eu acredite que um amor intenso pôde-se ser sentido em um curto tempo, nós não éramos assim, não se tratava da nossa história.

Andrew não havia aprendido a me amar tanto, a me amar para aguentar as tempestades que poderíamos enfrentar pelo caminho.

E agora eu precisava seguir meu próprio caminho. Precisava de uma vez por todas construir a minha nova história e fechar a página dessa. Esse havia sido o nosso fim. E agora eu estava pronta para um novo recomeço.

FIM

De volta ao NATALWhere stories live. Discover now