05 - Cheguei, Denver!

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Não demorou para que Oliver se aproximasse do carro, enquanto sua namorada corria da neve para se abrigar na casa, assim como as sacolas que estavam em suas mãos

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Não demorou para que Oliver se aproximasse do carro, enquanto sua namorada corria da neve para se abrigar na casa, assim como as sacolas que estavam em suas mãos. Oliver desembaçou o vidro do passageiro para olhar dentro do meu carro que ainda estava com as luzes ligadas.

Seu sorriso imediatamente apareceu, constatando que eu estava ali dentro. Meu irmão rapidamente analisou meu carro por completo, onde seus olhos alcançavam, arqueando as sobrancelhas logo em seguida, talvez percebendo tantas bolsas e malas que haviam ali.

Desliguei o carro sem jeito e sai com pressa por conta do frio.

— Valerie? Você finalmente voltou? — Ele perguntou aos berros, enquanto me erguia em um abraço.

— Faz tantos anos que passo o natal longe de vocês que assim que surgiu a oportunidade de pegar uns dias de férias, não pensei duas vezes em vir para cá. — Talvez eu não devesse ter me explicado tando, e ter dito as palavras tão rapidamente, para a pessoa que mais me conhecia dentro daquela casa.

Oliver entortou os lábios — uma mania que tinha desde criança —, mostrando que havia dúvida no que acabara de escutar.

— Eles não vão acreditar que está aqui. — Falou animado. — Eu te ajudo a tirar as coisas do carro.

Mostrei para ele apenas uma mala que levaria dali, onde estavam meus itens principais e também as sacolas que estavam os presentes para colocar embaixo da árvore como de costume.

Talvez um dos momentos que eu mais queria ter participado era a montagem da árvore de natal

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Talvez um dos momentos que eu mais queria ter participado era a montagem da árvore de natal. Geralmente colocávamos as decorações todos juntos, cantando, brincando, conversando, comendo biscoitos e tudo que tínhamos direito e amávamos.

Quando coloquei o primeiro pé dentro de casa, dando de cara com a nossa sala de estar, que agora parecia um tanto mais moderna desde que saí, mas ainda assim sendo a nossa sala, o nosso cômodo preferido de casa, uma súbita vontade de chorar me atingiu.

Meus olhos encheram de lágrimas, fazendo com que um braço passasse em volta do meu corpo. Só havia Oliver e Natalie ali na sala. O abraço do meu irmão novamente me trouxe aconchego.

— Ei, está tudo bem. — Falou dando tapinha nas minhas costas. — O importante é que você está aqui.

Assenti com seu comentário e em seguida sua namorada aproximou-se para se apresentar.

— Ah, você deve ser a Natalie. — Falei abraçando ela. — Prazer, eu sou a Valerie, a irmã que abandonou todo mundo.

Seu olhar dizia que em algum momento ela já havia escutado algo parecido. Provavelmente não da minha família, e sim dos nossos parentes mais próximos.

Era cerca de seis horas da tarde, infelizmente havia pegado um pouco de congestionamento no caminho, e por isso passei praticamente duas horas a mais dirigindo. Pelo horário e pelo cheiro, mamãe estava preparando o jantar.

— PESSOAL!!! — Oliver gritou. — VOCÊS NÃO VÃO ACREDITAR QUEM VOLTOU.

O barulho dos utensílios batendo na cozinha parou, passos rápidos no andar de cima podiam ser ouvidos ali embaixo.

— Val, minha Val? — Foi o que mamãe falou assim que colocou seus olhos em mim.

Não consegui mais segurar o choro naquele momento. Larguei tudo que estava em minhas mãos no sofá, e corri para ser acolhida em seu abraço. Ouvi passos pesados descendo a escada e mesmo com os braços de mamãe me envolvendo, consegui enxergar papai parado no primeiro degrau nos olhando.

— Valerie? — Perguntou, seu olhar denunciava confusão, mas assim que a ficha caiu ele estava ali no meu abraço.

Não demorou para que todos estivessem falando ao mesmo tempo e que Dylan e Kate estivessem ali conosco. Ninguém estava entendendo minha visita.

— Eu não acredito que você voltou. — Katie choramingou abraçando minha cintura.

— Achei que você nunca mais iria voltar. — Papai comentou enquanto cada um ia para o seu lugar.

— Resolvi passar uns dias aqui se não tiver problema para vocês. — Contei.

Mamãe sorriu animada quando falei a palavra "dias".

— O seu quarto está ali como sempre esteve, você pode ficar o tempo que quiser. — Mamãe avisou.

Enquanto todos me enchiam de perguntas sobre Nova York, deixando a cozinha lotada de gente andando para lá e para cá tentando ajudar mamãe a montar a mesa, eu tentava enrola-los com as perguntas sobre o meu trabalho.

Enquanto os últimos preparativos para a janta terminavam de ser feitos, resolvi ir até o meu quarto deixar minhas coisas que estavam atrapalhando na sala. 

Ao adentra-lo percebi que tudo estava como antes, apenas as roupas de cama haviam sido trocadas, pareciam novas. Ao me aconchegar na cama, senti o cheiro da minha almofada e pude notar que mamãe havia a lavado recentemente, talvez porque receberia visitas e alguém pudesse ficar por ali.

 Ao me aconchegar na cama, senti o cheiro da minha almofada e pude notar que mamãe havia a lavado recentemente, talvez porque receberia visitas e alguém pudesse ficar por ali

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Concentrei-me a não chorar, não me deixar levar pela emoção que era estar em casa novamente. Não apenas em estar em casa, mas voltar desempregada, escondendo uma informação que já deveria ter dado assim que cheguei.

Talvez o jantar fosse um bom momento para contar. Estariam todos reunidos para a janta, todos saberiam de uma vez e não precisaria ficar contando e recontando como tudo aconteceu.

O grande problema era meu orgulho. Meu orgulho de falar que deu tudo errado. Que deu errado minha tentativa de me estabilizar. Que deu errado meu investimento na bolsa de valores. As coisas dão errado. As coisas saem do controle e muitas vezes não conseguimos fazer nada para resolver.

Encarei meu rosto em frente ao espelho do meu quarto. Olheiras de noites má dormidas, sem falar nos dias de choro incessante. Um pouco de corretivo disfarçou as bolsas escuras de baixo dos olhos, algumas batidinhas de pó e pronto, estava quase renovada.

 Um pouco de corretivo disfarçou as bolsas escuras de baixo dos olhos, algumas batidinhas de pó e pronto, estava quase renovada

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De volta ao NATALWhere stories live. Discover now