18 - Sorvete de morango

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Embora os dias fossem passando, só aumentava a minha certeza de não querer contar a verdade para a minha família de que eu havia sido demitida do meu antigo emprego

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Embora os dias fossem passando, só aumentava a minha certeza de não querer contar a verdade para a minha família de que eu havia sido demitida do meu antigo emprego. Eles haviam ficado tão felizes com a minha volta, que não valia a pena contar algo tão triste e desmotivador como o fracasso do meu sonho.

Sem contar que não queria que a notícia se espalhasse pela cidade e também pelos parentes, principalmente titia Abigail que faria questão de vir especular novamente os motivos pelos quais a minha carreira não havia decolado.

Mesmo que eu estivesse gostado de ter passado alguns dias trabalhando na empresa de Andrew, a minha permanência lá não era permanente. Não havia um contrato de trabalho. Não havia uma vaga disponível pela qual poderia me candidatar. E ainda duvidaria muito que Andrew me aceitaria lá após toda a loucura que havia trazido para a sua vida.

Estávamos a três dias sem se ver ou então se falar. Lembro-me bem de ele afirmar que poderia visitá-lo se sentisse saudade, mas não me sentia muito confortável em procurá-lo. Eu não poderia ser sempre a pessoa que iria atrás, mesmo que não houvesse nada entre nós dois.

Estava caminhando de casa até o mercado mais próximo, quando um carro se aproximou lentamente ao meu lado, parando e baixando o vidro logo em seguida.

— Você não sentiu saudade? — Andrew antes mesmo de dizer uma boa tarde, se preocupou com o fato de eu não o ter procurado.

— Achei um pouco inconveniente ir até a sua casa. — Afirmei. — E imaginei que quem sabe a menina dos brincos pudesse voltar.

Andrew sorriu com meu comentário e balançou a cabeça em concordância. De fato o que eu falei fazia muito sentindo, ainda mais se tratando dele.

Ele havia deixado claro que queria espaço e que tinha uma vida fora da nossa farsa. Pelo menos longe do escritório, da minha família e de Noah, ele poderia continuar a viver sua vida normalmente.

— Onde você está indo? — Perguntou em tom de curiosidade.

— No mercado. — Respondi, apontando para o local que estava a duas ruas de distância.

— Entre no carro, irei com você. — Avisou.

Embora houvéssemos nos reencontrado em um lugar que não fosse o trabalho e também nos dias que frequentou minha casa, era estranho estar indo em algum local diferente com ele. Peguei uma pequena cesta ao lado da porta, Andrew por outro lado, puxou um pequeno carrinho que havia disponível.

— Você também fará compras? — Perguntei curiosa.

— Estou precisando de algumas coisas para a casa, e como já estou aqui. — Deu de ombros ao responder minha pergunta.

Mamãe havia pedido para comprar alguns legumes porque seria a noite da sopa. Havíamos comido muitas calorias e comidas gordurosas, segundo ela. Agora precisávamos de algo mais leve e que também nos manteria mais aquecidos uma vez que se tratava de noites frias.

Por mais que tentasse não reparar nos itens que Andrew estava colocando em seu carrinho, uma vez e outra me pegava encarando-o escolhendo tudo

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Por mais que tentasse não reparar nos itens que Andrew estava colocando em seu carrinho, uma vez e outra me pegava encarando-o escolhendo tudo. Apesar de saber que ele se controlava bastante com a sua saúde, havia muita besteira em sua compra.

Haviam dois potes pequenos de sorvete sabor morango. Haviam alguns pacotes de salgadinhos, todos no sabor de queijo, o que era totalmente estranho, uma vez que ele detestava o laticínio. Três garrafas de vinho, sendo dois deles tinto seco. Duas caixas de suco de pêssego e uma garrafa de refrigerante.

Na minha cabeça se passava que talvez ele estivesse planejando dar uma festa

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Na minha cabeça se passava que talvez ele estivesse planejando dar uma festa. Não conseguia o imaginar consumindo todas aquelas coisas.

— Por que está julgando minhas compras? — Perguntou, fazendo-me sair do devaneio que me encontrara.

— Eu não estou. — Menti sentindo minhas bochechas corarem.

— Seu semblante é de alguém que está julgando minhas mercadorias. — Comentou. — Às vezes eu me dou certos luxos.

Balancei a cabeça em concordância, virando a cabeça para o outro lado afim de não precisar encará-lo nos olhos. Não era certo ficar cuidando da vida alheia, mas era inevitável não reparar em nada.

— Acho que seria legal se você aparecesse lá em casa hoje. — Falou enquanto guardávamos as coisas em seu carro.

— Está me convidando? — Perguntei ao me aproximar.

Andrew mais uma vez olhou dos meus olhos para os meus lábios, voltando a encarar meus olhos por fim.

— Acho que temos assuntos pendentes. — Respondeu.

Engoli em seco. Ele queria conversar a respeito do pequeno selinho que havia dado nele na outra noite? Não havia explicação, nem eu entendera ao certo porque havia tomado tal atitude. Vou dizer que senti vontade e o beijei? E ele irá me perguntar se eu saio beijando as pessoas por aí que sinto vontade?

— O seu silêncio é um sim? — Insistiu novamente.

— Acho que eu não tenho respostas para as suas perguntas Andrew. — Sussurrei baixo enquanto ainda estávamos parados, agora dentro do seu carro, trocando olhares.

— Você não precisa responder com palavras, céu. — Falou retirando uma mecha de cabelo e colocando atrás da minha orelha, fazendo-me fechar os olhos ao sentir seu toque.

Poderia ser coisa da minha cabeça, mas suas atitudes agora me mostravam que ele estava procurando por uma atitude minha. Como se estivesse esperando um descuido de minha parte para eu ser a culpada caso as coisas não dessem certo. E quando nossos rostos estavam perto demais, e nossos lábios quase se tocando, uma música tocou alto demais quando o rádio ligou, fazendo-nos afastar pelo agito.

De volta ao NATALWhere stories live. Discover now