Valerie sempre sonhou em sair de Denver e seguir seu sonho de trabalhar em Nova York. Quando a oportunidade surge, ela não pensa duas vezes antes de se arriscar sozinha na cidade grande.
Sete anos depois, após ver a empresa que trabalhava a anos fal...
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Ao chegar no andar de baixo, todos estavam sentados à mesa, com um lugar vago apenas aguardando minha volta. Me perguntei mentalmente como havia conseguido passar tantos anos fora de casa, sendo que ali eu era sempre tão acolhida.
Eles conversavam sobre algum assunto que não consegui identificar quando cheguei, fazendo com que o silêncio se predominasse com a minha presença, como se esperassem que eu dissesse algo.
— Estou tão feliz que a Valerie finalmente voltou para casa. — Katie falou animada, quebrando o gelo.
— Eu também estou muito feliz em rever todos vocês. — Afirmei animada. — Senti muita saudade dessa casa.
— Sei que terá que voltar depois para seu trabalho, mas saiba que pode ficar quanto tempo precisar. — Papai explicou, e no tom da sua voz era possível notar algo diferente, como se ele sentisse que algo não estava certo.
Durante o jantar, toda vez que as palavras surgiam para contar o meu real motivo de ter voltado para casa, era como se elas parassem na minha garganta, fazendo-a trancar. Não conseguia contar. Não conseguia com tantos olhos em mim.
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De alguma forma tentava fugir daquele assunto, tentando fingir curiosidade sobre qualquer coisa que pudesse gerar alguma conversa.
— Você está aqui por conta do casamento? — Mamãe perguntou me deixando confusa, assim como todos que ficaram surpresos com suas palavras, me olhando curiosos.
— Casamento? — Perguntei confusa.
Mamãe se levantou e caminhou até uma cômoda que ficava na sala, retirando dali um envelope azul bastante bonito e trabalhado, entregou-me logo em seguida, fazendo com que todos permanecessem com seus olhos em mim.
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Noah Daves & Ava Smith
Noah iria se casar e eu não estava preparada para o impacto que aquilo traria para a minha vida. O fato de termos namorado durante uns três anos e termos cultivado uma longa amizade por conta da nossa família e também escola, e de o motivo de terminarmos fora ele ter ido fazer faculdade em outra cidade.
Lembro-me claramente sobre suas palavras por sermos jovens demais e que deveríamos buscar os estudos primeiro e então após isso, nos encontrarmos, e cá estava eu, na nossa cidade natal e ele estava prestes a se casar com outra.
Senti meus olhos marejados, mas não consegui dizer uma sequer palavra. Afinal, uma vez e outra eu ainda sonhava com ele, sonhava com nosso reencontro e mesmo sabendo de longe, pelas redes sociais que havia encontrado outra pessoa, meu cérebro não deixou acreditar que aquilo iria longe, que fosse real.
— Sinto muito filha. — Mamãe falou apertando meus ombros. — É na semana que vem, sabe, nós já compramos os presentes.
Como assim eles iriam casar alguns dias após o natal? Quem casa perto do natal?
— O seu nome também está no convite, mas você não precisa ir se não quiser... — Ela continuou.
Respirei fundo e engoli o choro que estava preso na garganta. Olhei alguns segundos para o teto na tentativa falha de não chorar.
— Está tudo bem. — Concordei. — Uma hora ou outra isso iria acontecer.
Não demorou muito para que outro assunto fosse escolhido, talvez apenas para quebrar o gelo, fazendo com que aos poucos tudo que estivesse na mesa fosse para a cozinha, assim como cada um desempenhando cada tarefa na mesma, até que tudo estivesse limpo e em seu devido lugar, como sempre fora.
Haviam coisas que nunca mudariam.
Me apoiei na varanda, olhando os pequenos flocos de neve cair e deixando consequentemente algumas lágrimas rolarem. Como se apenas uma pancada não fosse suficiente. Havia muita gente naquela casa, e não demorou muito para que alguém aparecesse ali fora comigo.
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Oliver se apoiou da mesma forma que eu e encarou o céu.
— É uma linda noite. — Falou.
— É sim. — Concordei.
— Obrigada por voltar. — Agradeceu, o que fez que eu levasse minha mão de encontro a dele.
— É bom estar em casa. — Afirmei. — É um ar que você só respira aqui.
Não ir ao casamento seria também uma forma de deixar papai e mamãe desapontados, sem contar que a fofoca de que eu estaria na cidade e não compareci a um casamento tão importante, de pessoas que fizeram parte da minha vida toda, iriam me perturbar por um bom tempo.
— Mesmo que você e Noah não tenham dado certo no passado, acho que você como amiga deveria ir ao casamento. — Oliver falou por fim. — Seria uma atitude madura e de muito respeito por tudo que passaram juntos.
Um adolescente me dando conselhos, ótimo. Eu estava em uma montanha russa que só descia, e não que por ele ser mais novo sua opinião não fosse válida, mas como se tudo que eu tivesse aprendido não fizesse sentido agora.
Dei um beijo em sua bochecha e subi para o meu quarto. Após tanto tempo na estrada, uma boa e aconchegante noite de sono me faria bem.
Era impossível fechar meus olhos sem imaginá-lo em meus pensamentos. Era como se todas as lembranças viessem a tona, sobre tudo que prometemos um ao outro para quando estivéssemos de fato juntos. Até mesmo no quarto que me encontrava agora, apesar de sempre estar lotado de pessoas, amigos, irmãos, pais, ele sempre esteve por perto.
Em uma semana eu tomaria coragem o suficiente para ir neste casamento. Era um fôlego que ainda não existia dentro de mim, mas que precisaria ser criado e lapidado durante esses dias.
