4| Sobre Ressacas e Sorvetes.

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Everything is greyHis hair, his smoke, his dreamsTudo é cinzaSeu cabelo, sua fumaça, seus sonhos"Halsey, Colors"

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Everything is grey
His hair, his smoke, his dreams
Tudo é cinza
Seu cabelo, sua fumaça, seus sonhos
"Halsey, Colors"

HERÁCLITO AFIRMAVA QUE nada é eterno. O mundo está em completa constância. Bem, Berkeley deveria ser a prova viva de que algumas coisas continuam do jeito que estavam. Sem evolução, como se pertencessem a uma espécie de preservação. Califórnia seria o sonho de qualquer ser que quisesse liberdade e procurasse sentir o vento batendo em suas costas em um pôr do Sol manuseado pelos deuses. Mas seria o pior pesadelo a quem procurasse a liberdade ao passado. O nome Guinever circulava em todos os lugares, como uma espécie de lembrete, de que estou em uma linha de tempo paralela e aqui eu continuo sendo o mesmo cara de dois anos atrás, a porra do Matthew Guinever.

     Ao contrário do que muitos pensam, carregar esse nome era estar segurando um fardo pesado em minhas costas: o sobrinho de Oscar Guinever que vem de verão a verão para arruinar a perfeita reputação da família com suas festas e bebedeiras de merda, além de dedicar todo o espaço em sua pele para as tatuagens que ainda falta preencher. Sei que sou culpado por todas as minhas ações ou quase todas, mas não se deve cobrar muita maturidade a um garoto de dezessete anos cujo seus amigos não eram um exemplo ideal.

     Naquele instante pisava na irmandade de que antes pertencera em uma manhã nebulosa. Guinever, Acquainted, o camisa dezessete. Minha vida era um inferno sem fim de rótulos. O odor de cevada da forma mais pura já encontrada, o piso pegadiço dado às bebidas derrubadas no chão pregaram em meu tênis de cano alto, deixando assim, minhas pegadas a medida em que me locomovia até a extensa sala, centenas de latinhas e copos circulados por toda a casa.

   Minhas boas vindas foi exatamente o oposto do que havia sugerido a Thomas. Ele me assegurou de que seria um evento apenas com os irmãos da fraternidade, e nisso já havia discordado. A minha chegada que optei por ser discreta e reservada tornou-se um verdadeiro caos em grandes proporções. Pensar que estava formando um redemoinho a medida que entrava mais afundo no meu passado era o suficiente para que inflamasse todos os meus sentimentos por dentro, e me perguntasse infinitamente se as razões pelo qual eu retornei a essa cidade seriam coerentes a meu propósito. Qual é o seu propósito, Matthew Evans? Está desenterrando o seu passado à toa, ou está apenas fugindo novamente? Afinal, sou tão nobre assim apenas porque carrego o sobrenome do meu avô em sua linhagem mais pura e vencedora?

     Eu era a merda de um fugitivo do meu próprio eu.

     Uma casa contendo mais de duzentos adolescentes atordoados por minha chegada foi o estopim para que eu transbordasse uma loucura em meu sangue, drenado pela potência de uma ira ainda mais desvairada, todas as minhas lembranças. Nessa madrugada encontrava-me embriagado em um volante enquanto todas as memórias apareciam em forma de flashbacks, como se passassem em um telão. Me ouso lembrar de momentos atrás, mas não passei de um bêbado nas ruas cujo o passado o condenava, e me impressiono de ter acordado dentro do meu carro sem nenhum tipo de arranhão, mas com um mero detalhe, sem seu maldito celular cujo foi arremessado da janela quando lembrado que tudo havia começado por uma maldita solicitação de amizade no Facebook. Eu havia recaídas constantes, me tornando um símbolo de inconstância e arrependimento.

Às Vezes (Não) Tão DoceOnde as histórias ganham vida. Descobre agora