Prólogo.

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      COMO DESCREVERIA A MINHA primeira vez? Bem, se houvesse alguma dúvida sobre como seria transar com um cara tão quente ao ponto de invejar eu mesma no ato, descreveria como excepcional, aquela sorte que acontece apenas algumas vezes na vida

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      COMO DESCREVERIA A MINHA primeira vez? Bem, se houvesse alguma dúvida sobre como seria transar com um cara tão quente ao ponto de invejar eu mesma no ato, descreveria como excepcional, aquela sorte que acontece apenas algumas vezes na vida. Em um verão inebriante de Berkeley, as festas das sororidades eram comuns nessa temporada, corpos ensolarados, os Old Bar's tão lotados recheados de turistas, e, claro, Spring Break seria um coração quente, como um dia de julho. Estávamos no meio desse mês, e deveria admitir que participar de uma festa não estaria nos meus planos para o fim do meu segundo ano.

     A verdade é que sentada na beira da cama enquanto o cara fumava ao outro norte dela, seria embaraçador o agora, aquele silêncio pertubador corroendo todas as inseguranças após já estarmos cobertos e sem mais nenhum tipo de clima e dignidade. Mas, algumas vezes, Bailee, a minha colega de classe quase considerada amiga, havia me ensinado todo o manual de como deveria agir após a transa.

     Então, o que era para ser uma despedida, me antecipei tão rápido que nem chegou a ser considerado uma. Não me despeço de seu rosto nem por uma última vez. Em passos sorrateiros, atravesso a porta daquele quarto universitário. Fecho-a atrás de mim. Inspiro. Expiro. Uma tensão estende-se em meu corpo, ecoando e procurando uma saída para a eletricidade de calor que havia sobrecarregado.

     Direciono a minha palma até a beira do colã, ao lado da coxa que havia enfiado o seu cigarro apagado. Seguro tão forte para não perder, que ainda sinto o quanto estava quente em uma das extremidades, já que havia sido usada a pouco tempo.

     Segurando o corrimão enquanto descia desordenadamente as escadarias, ensaio os meus passos vagarosamente, porque estar bêbada enquanto havia fumado pela primeira vez, diria que seria uma combinação instável. Enquanto focava no próximo passo que manipularia, me esbarro com um corpo grotescamente.

     "Caramba, Paris. Eu te procurei por toda parte" - os olhos de Bailee me fuzilavam, porque eu estava sobre a responsabilidade dela, já que foi a mesma que me convenceu a vir para a festa mais - nas palavras dela - "badalada do ano" pelos veteranos da Universidade da California, com direito a ser uma informação com letras finas e douradas em negrito, como se fossem figuras mitológicas para as colegiais, como eu.

     "Eu lembro de ter avisado que iria sumir por um tempo, não disse?".

     Minha cabeça era um conjunto de sentimentos confusos, e, para completar, a visão e sentidos estavam turvos, tudo embaralhado. Minha mão formava uma concha, procurando na cozinha algum copo vermelho com álcool, porque essa maldita noite fez com que conhecesse a minha válvula de escape, a bebida e o que ela pode oferecer, a atenção, coisa que meu pai não fez questão de me prestar nessa frustrante temporada, ou na porra dos meus últimos dezesseis anos, depende o nível de descaso que é agregado nessa palavra.

Bailee era como uma sombra a cada passo que realizava, e sobre eu querer me referir a atenção que uma bêbada recebe, não quis dizer uma colega que perguntava retoricamente a cada cinco minutos se foi mesmo uma grande ideia ela me convencer a vir.

     "Paris, eu não sei o suficiente sobre o seu lance com Daddy Issues, mas acho que já é hora de parar de descontar em Budweiser".

"Não há nenhum problema com a Budweiser. O gosto está excepcionalmente agradável" - ela retira a bebida de meu tato, o que era frustrante, e sabia exatamente como deixa-la menos tensa - "Eu transei com um cara" - olhei no fundo dos olhos de Bailee, e presenciei o maior espasmo de seu rosto. Ela solta alguns gritinhos.

     "Me conta como foi! Foi no andar de cima, não é? O andar dos anfitriões mais velhos, descolados e bonitos do que qualquer outro colegial da nossa idade. Eu tenho certeza que o mais feio dessa comunidade ainda sim deve ser digno de receber um bom oral, não acha?" - Bailee e sua euforia me causava aversão, porque, mesmo que minha primeira vez tenha saído exatamente como planejado desde que pensei sobre esse assunto na oitava série, havia um vago em mim, depois de tudo que havia acontecido hoje, como se não merecesse a felicidade. Droga, por que papai sempre era um assunto melancólico?

     "Ele com certeza era muito mais velho e... nossa... ele tinha uma pegada selvagem" - eu tentava me esforçar de lembrar algo mais específico, mas as bebidas ou a droga deviam ter me dado um branco, ou um corpo sobrecarregado que passava sucessivas vezes uma curta-metragem de um desastroso acontecimento nas últimas 24 horas foi a causa.

     Então, a Budweiser seria como uma espécie de antídoto, não para recuperar a memória, mas para aliviar a dor, que havia sentido tudo com mais intensidade. Eu estava sensível e solitária em um dia de semana qualquer.

Degluto.

Sinto.

Tudo estava em êxtase.

Já era tarde demais para um sistema totalmente sóbrio.

     De certo modo, nada poderia dilacerar o momento em que realizada o sonho dourado de qualquer Berkeleyana, conseguir estar em uma festa da Phi Gamma. Garotos sem camisas passam em minha frente, os corpos inebriantes me dão uma sensação de escassez de ar, e todas aquelas bebidas me levam a crer que é uma obrigação estarmos alterados. Sentimos a brisa fresca em nossos corpos em direção à entrada, que de imediato associamos a chegada de mais alguém na sororidade. Meus olhos guiam a quem fez sentir aquele vento frio arrepiar todos os meus fios. As noites de julho maltratavam qualquer californiano.

     Era um garoto.

     Todos os eventos que poderiam ocorrer após a sua chegada teriam uma espécie de sabor anticlímax por ter uma presença eminente. Estava sentindo-se fulminante diante de todas as garotas que o contemplava, guiado pela energia e desafio, de incita-las, instigá-las. Ele seria um sonho molhado de qualquer criatura. Parecia ser tão convencido, como se tivesse lido todos os meus pensamentos. Então, seus passos estendiam-se sorrateiramente para o grupo de anfitriões, o que fez as chances de ser um deles aumentar.

     Então, nossos olhos transaram.

     "Thomas Crawford, sério? Ele te devorou com os olhos" - Bailee ainda presenciava a sua locomoção, e estava ali parada, tentando forçar a minha mente a me lembrar pelo menos de sua face, e o seu charme, e o seu nome. Thomas Crawford. Pronuncio para mim mesma.

     Eu acho que tudo havia começado nesta noite.

Às Vezes (Não) Tão DoceWo Geschichten leben. Entdecke jetzt