1| Borboletas em meu Estômago.

8.4K 309 576
                                    

Why do you need love so badly?Bet it's because of her daddyPor que você precisa de amor tanto assim?Aposto que é por causa do seu papai"Halsey, Whispers"

Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.

Why do you need love so badly?
Bet it's because of her daddy
Por que você precisa de amor tanto assim?
Aposto que é por causa do seu papai
"Halsey, Whispers"

Dois anos depois

A MINHA PRIMEIRA VEZ foi uma tragédia. Desde que me entenda por gente, ou desde quando conheci Shakespeare aos meus doze anos, acreditara que seria com alguém com um rosto esculpido por anjos e que fosse um semideus intocável. Bem, de fato ele parecia mesmo uma divindade do olimpo, alto, um rosto que me fazia festejar e um corpo gracioso. Mas, a minha primeira vez não foi para sempre, mal durou um instante, em que me senti desejada. Aquela sensação passou.

Para falar a verdade, eu nem mesmo me recordo de suas características eloquentes, afinal, foi nas férias de verão do ano retrasado e encontrava-me bêbada para caralho em uma festa universitária, e que as únicas coisas que lembrara foi eu em cima dele. Mas, registro que não foi uma festa normal que poderia facilmente ser esquecida, foi a dos Acquainted, a fraternidade mais cobiçada de todo o mundo universitário da cidade, o que tem grande relevância, já que são donos das melhores festas da U.C e movimentam a torcida sempre quando seus jogadores entram em campo.

Freud acreditava que a paixão seria como um estado no qual o olhar apaixonado desvaloriza intensamente o próprio eu. O objeto se torna cada vez mais sublime, precioso, usurpando todo o auto-amor do ego. Naquela noite quando perdi a minha virgindade no quarto de um cara mais velho e encantador com as mãos escorregadias em meu corpo, não precisava de sequer uma aceitação de meu alter ego, porque ele me provou que seria possível eu ser amada, desejada por alguém.

Eu havia sentido seus lábios frios, sentido o seu sangue à flor da pele bruscamente em mim enquanto minhas células lutavam incessantemente para que pudesse me manter avivada dentro de um corpo entorpecido, que a memória deixou a desejar no dia seguinte. Meus olhos estavam dormentes. Minha respiração profunda. Esqueci daquela noite que uma vez meu pai me abandonou por um litro de conhaque ou um maço de cigarro, ou que seja, nada mais importava depois de sua ausência.

Mas então o Ensino Médio havia acabado, e significava um sabor gracioso quando tinha dado fim à todos aqueles sentimentos corrosivos, todas as frustrações e desgastes. Bailee, a garota que havia conhecido na aula chata do senhor Mitchel, - e que me ensinava tudo que uma garota precisava saber -, sumiu de uma forma quase sobrenatural da cidade, enquanto a mim, encontro-me submersa à Berkeley, algo me prende, ou alguma razão ainda inexistente fazia-me ter uma missão aqui. Eu havia uma ideia constante de que poderia recomeçar do início.

O verão desse ano havia iniciado, e com isso, uma carta de ingressão suplicante, havia entrado na Universidade da Califórnia apaziguando todas as minhas angústias e tormentos. Era uma manhã em Berkeley incitante, e então, houve um momento em que pensava que tudo era possível, uma universidade com diversas categorias para desfrutar, ou talvez novos amores. As aulas iniciaram, e aquele tom de liberdade que coloria meus pulmões drapejavam incessantemente um contínuo pensamento de felicidade, e com certeza, estar aqui nesse exato momento disparava o meu coração subitamente. O momento em que tudo parecia correto na hora e no lugar.

Às Vezes (Não) Tão DoceWhere stories live. Discover now