O Delator de Copas - Jikook

Capítulo Quatro

— Eu vou buscar seu jantar, tudo bem? Você quer ir comigo? Que tal comermos na sala de jantar hoje? — Esperou por uma resposta do baixinho, mas Sam apenas sentou-se sobre o tapete e puxou um caderno para sobre as perninhas esticadas. — Tudo bem. O hyung já volta.

Ele deixou o quarto e após fechar a porta atrás de seu corpo, ele perguntou-se sobre onde poderia ser a cozinha. Na hora do lanche, a cozinheira trouxe até o quarto, nesse tempo ela explicou a Jimin sobre Sam não gostar de fazer refeições fora do próprio cantinho, mais um problema. Sam não parecia estar confortável dentro da própria casa, o que era no mínimo estranho, uma vez que o garoto sempre morou ali.

A menos que... Esta seja uma casa nova.

Na intenção de se afastar da dor que a ausência de Jisoo causava, talvez Jungkook tivesse se mudado. Um ato evasivo de lidar com o luto, mas que afetou diretamente o MS de Sam. Por isso ele sorriu tanto para a cozinheira e respondeu com movimentos de cabeça, os empregados eram, provavelmente, as únicas pessoas que eram verdadeiramente próximas a ele na antiga casa, quando sua mãe ainda era viva.

A cabeça de Jimin estava a milhão, cada vez que pensava um pouquinho mais sobre o comportamento de Sam e o de Jungkook, ele descobria mais. Havia alguma coisa de errado naquela família, ele precisava ajudar de alguma forma pelo bem de seu paciente.

Quando se deu conta, suas pernas o tinham levado para lugares naquela casa que ele não conhecia — na verdade ele não conhecia nada além da sala de visitas e o quarto de Sam. Era um corredor amplo com várias portas. Girou os calcanhares e do outro lado ele viu a porta do quarto de Sam. Suspirou em alívio, ele não tinha caminhado muito e na verdade, ele não tinha reparado antes que aquela parte do corredor existia. Umas daquelas portas deveria ser o quarto de Jungkook, ele precisava manter-se longe, duvidava muito de que a cozinha pudesse estar no segundo andar.

Voltou até as escadas e quando começou a descer, seu olhar foi de encontro aos olhos escuros e pesados de Jungkook. Parou de andar. Jungkook estava com uma camisa branca social para fora da calça preta, aquela parte estava completamente amassada. Os cabelos estavam caídos em sua testa e as mãos estavam dentro dos bolsos. Em um dos braços, seu terno estava jogado, sendo preso pela mão escondida no bolso.

— Você ainda está aqui — Jungkook murmurou, parecia cansado. — Não sabia que ficaria até tarde.

— Eu não sabia a que horas o senhor chegava, então eu esperei um pouco mais — explicou-se ainda usando aquela formalidade desnecessária. Ele era um médico, oras! Deveria estar tratando Jungkook de igual para igual, contudo, simplesmente não parecia apropriado pela idade do outro.

— Por que precisa saber que horas eu chego? — Havia uma suavidade estranha na voz.

O olhar desconfiado do detetive o fazia sentir-se analisado o tempo todo, aquele era o mesmo olhar que toda sua família fazia quando estavam a fim de julgá-lo.

— Porque eu sou o médico do seu filho. Eu preciso ter diálogos com o senhor para poder prosseguir com o tratamento.

Ele viu Jungkook assentir lentamente depois de longos segundos completamente imóvel e então suspirou.

— Claro, podemos ir para a sala de visitas.

— Ótimo! Antes disso eu preciso levar o jantar do Sammy.

— Esse não é seu trabalho aqui, doutor Park.

Jimin desceu alguns degraus, sentindo-se menos afetado o possível pelo tom acusatório.

— Faz parte do trabalho se isso for ajudar o Sammy a se sentir confortável comigo, detetive Jeon — explicou mais uma vez. Não quis soar rude, mas ele não precisava de eufemismos quando Jungkook não usava com ele. — Hm, onde fica a cozinha?