Nascido entre cifras e conjunturas, Jeon Jungkook sempre teve a música como parte de si mesmo; um lugar onde ele poderia habituar todos os seus sentimentos de uma só vez, um lar. E como um sonho a ser realizado, ele é convidado para participar de um...
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Nesta manhã de sábado, assim que o dia raiou e o sol tomou conta da cidade de Milão, eu tive uma certeza:
Nada irá me abalar.
A questão era simples, eu me conectei com o meu oásis interior através de uma meditação profunda às três horas da madrugada e conclui que eu faria o dia de hoje ser o melhor que tive em todas essas semanas.
Essa certeza estava tão implantada em mim, que quando eu cheguei ao La Scala às sete da manhã, entrei e vi que não havia ninguém lá dentro, as minhas expectativas foram completamente trituradas e jogadas em um buraco profundo, como a toca de um coelho.
Ao invés daquilo, o que eu pude realmente concluir, foi: O meu dia vai ser uma merda.
Certo, vejamos bem.
Talvez eu ainda não tenha me acostumado com o fato de que, aos sábados, os nossos ensaios são iniciados um pouco mais tarde e duram apenas a manhã, já que nesses dias sempre há outras orquestras, companhias de teatro e balé tendo aulas experimentais pela tarde ou até mesmo se preparando para algum espetáculo.
De um modo ou de outro, eu me sinto um trouxa.
Esquecer esse pequeno detalhe relacionado aos horários fez com que eu me sentisse um palhaço, uma versão humilhada do Bozo. Talvez, mais para frente, eu possa dizer que estou completamente falido e que virei uma espécie de chapeleiro maluco do mundo real.
Assim que passei pela portaria, um segurança diferente e que eu nunca vi antes estava cuidando do lugar, mediando quem passava ou entrava. Acredito que as únicas pessoas que cheguei a ver nesse horário foram apenas funcionários e alfaiates, mas nenhum sinal de musicistas.
Eu sabia que deveria ter chamado Taehyung para vir comigo, pois quando decido vir por conta própria, sempre acontece alguma merda.
Parado em frente ao palco com uma cara de poucos amigos, eu estou de braços cruzados imaginando o letreiro enorme que deve estar implantado acima da minha cabeça, escrito "trouxa" com todas as letras do hangul.
Eu sabia que deveria ter desconfiado do fato de Jimin ainda estar dormindo, principalmente por Hy ainda não ter me mandado mensagem.
ㅡ Me recuso a passar por aquela porta e me pintar de papel de burro por aquele segurança. ㅡ Esbravejo, fechando os olhos e respirando o mais fundo que consigo, em uma tentativa não-tão-falha de me acalmar.
Permaneço longos dois minutos aqui, sem mover um músculo sequer, apenas vendo a luz do lustre refletir elegantemente na madeira bem polida e envernizada do palco.
É então, que uma enorme lâmpada se ilumina na escuridão da minha mente.
Com um sorriso sapeca, dou uma olhada ao meu redor, certificando que não há ninguém ali para ouvir eu me humilhar dessa maneira e por vontade própria.
