10 • Uma linha contínua.

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Não esqueçam de comentar 💙#SinfoniaAmornica

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Uma vez eu conheci uma vizinha com cerca de oitenta anos que vivia saindo de casa. Ela ia e vinha da feira todos os dias, conversava com suas amigas da vizinhança, levava comida e bolinhos de chuva para as crianças que moravam próxima a ela e até mesmo tinha anotado em um caderninho as datas dos aniversários de cada pessoa que vivia na minha rua pelo menos há mais de dez anos. Certo dia eu lembro de que a minha mãe pediu que eu fosse com a senhora até o banco para ajudá-la a sacar dinheiro, e eu obedeci, mas após eu ter a ajudado com tudo, ela decidiu dar uma caminhada pela cidade, e eu tive que ir junto já que prometi para a minha mãe que iria cuidar dela.

Depois daquele dia, a minha autoestima decaiu preocupantemente.

Foram apenas quarenta minutos caminhando, mas a cada dois passos que eu dava, ela estava seis à minha frente. Não lembro exatamente a minha idade, mas sei que eu cheguei suado, com o rosto totalmente avermelhado e respiração ofegante em casa, enquanto a senhora continuava plena, como se não tivesse, literalmente, corrido uma maratona antes de voltar para a sua casa. Aquele dia foi o auge da minha vida sedentária, e eu lembro que foi a partir dali que eu comecei a praticar mais exercícios físicos para que não me sentisse plenamente rebaixado pelo condicionamento físico de uma mulher setenta anos mais velha do que eu.

Mas, por que agora eu sinto que nesse momento eu estou voltando ao dia do acontecimento de dez anos atrás?

Há cerca de trinta minutos eu e Jimin caminhamos em alguma direção que o japonês lidera, e eu realmente tenho medo de perguntar se já estamos chegando e acabar recebendo uma resposta negativa, pois de tanto que caminhamos, sinto até os músculos da minha panturrilha se contraírem, além dos meus calcanhares estarem doendo consideravelmente por estarmos subindo uma rua íngreme, o que é uma surpresa para mim, pois em minha mente não existia subidas ou morros em Milão.

Estamos passando por uma área onde há casas e pequenas lojas, estas que parecem de pessoas que realmente vivem aqui, diferente do centro da cidade, onde há mais hotéis e lojas do que casas, de fato. É como bairros que contém pequenas vendas criadas pelos próprios moradores.

Acredito que não tenho do que reclamar pois, apesar do cansaço, conhecer mais da cidade é bem instigante e pode me ajudar bastante futuramente, caso eu acabe me perdendo ou precise ajudar alguém que não conhece a área.

Enquanto Jimin carrega com um pouco de dificuldade a sua harpa alguns passos mais a minha frente, vejo uma idosa lavando a calçada curta com uma mangueira que jorra água fortemente, o que faz com que tenhamos que andar pela rua ao passar por ela, caso não queiramos sair daqui molhados.

Não entendo o porquê dela estar lavando a frente de sua casa logo hoje, quando acaba de cair uma chuva que já deve ter levado cada mínimo resquício de pó longe o suficiente da sua divina calçada.

Symphony | jjk + pjmWhere stories live. Discover now