Capítulo 67

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ALLYRIA
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Não sei quantos dias se passam, mas ela me tortura minuto há minuto, arrancando todo o poder que resta em mim. O poder que vai a tornando forte novamente, muito mais forte do que antes.

Ela achou que precisava me dar tempo para eu me recuperar a cada arrancada de poder, mas ela parou de me dar esse tempo quando eu arranquei tudo de volta e a tornei fraca, pois ela percebeu que algo dentro de mim é forte o suficiente para lhe dar o que quer sem precisar esperar muito tempo. E ela conseguiu o que queria comigo.

Ela se tornou aquilo que era antigamente. A primeira grande e poderosa criação das criaturas. O ser que vai destruir todo o mundo.

Ela me prendeu para isso, afinal, para se tornar forte e poderosa. E agora não precisa mais de mim.

Ela arrancou tudo o que eu tinha e minha alma está em pedaços, quase se despedaçando, e eu não tenho mais força para nada. Nada.

Eu finalmente serei libertada e terei meu descanso, mas antes ela quer me torturar uma última vez. Quer cumprir a promessa que me fez depois que eu arranquei sua força.

Ela irá matar todas as pessoas que eu amo e vai me obrigar a ver, então vai se livrar de mim. E eu não posso fazer nada para impedir. Nada. Eu irei ver minha família, meus amigos, meu amado e todas as pessoas que estão em Hemort serem mortas por ela e seu exército das sombras.

E será hoje. Sei disso porque ela me puxou para cima e está me obrigando a observar os preparativos para a ida até Hemort. E eu não tenho forças para me afastar, então estou olhando e ouvindo tudo desde cedo, desde que ela se vangloriou que conseguiu o que queria de mim. 

Ouvir todas as brigas dela com Terlock, reclamando que ele é um incompetente que teve dias para preparar o exército e tudo ainda está uma bagunça, e por isso ele perdeu tantos soldados para o exército medíocre dos outros mortais. E estou ouvindo ela reclamar agora de novo.

— Seus números estão errados. — ela fala com desconfiança, olhando do alto de uma torre para o exército das sombras se preparando nos campos. — Contei e cheguei a um número completamente diferente do que você me passou. Está faltando muitos, muitos soldados.

O olhar que ela lança para Terlock o faz tremer. Ele até tenta disfarçar e ficar com sua expressão séria, mas se eu percebi seu tremor, seu tremor de medo, ela também percebeu.

— Onde estão esses soldados, seu mortal inútil?

Ele desvia o olhar dela e olha para o exército reunido com uma expressão fingida de confusão.

— Como assi…

— Não tente me enganar. — ela o interrompe com um tom gutural. — Achou que eu não iria perceber? Achou que eu não iria conseguir contar os soldados? Esqueceu para quem você serve?

Ele com certeza esqueceu. Ela conseguiu contar os milhares de soldados em questão de minutos. Ninguém consegue fazer isso. O número de soldados em um exército é sempre catalogado por um grupo, ninguém consegue fazer sozinho. Mas ela é um ser antigo e divino, consegue fazer tudo.

Terlock não consegue olhar para ela, está ocupado demais engolindo em seco e tentando esconder o olhar de desespero. E provavelmente tentando inventar uma desculpa.

— Olhe para mim quando eu estiver falando com você! — ela esbraveja e, com o seu poder, faz o rosto de Terlock virar a força para ela. Pela careta dele, deve ter doído. — O que aconteceu com os soldados, seu imprestável?

Agora ele não consegue mais esconder o olhar de desespero.

— Desculpe, minha divina majestade, perdão...eu…

Vingança DivinaOpowieści tętniące życiem. Odkryj je teraz