Capítulo 52

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MARIGNY
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Tento descobrir onde estou errando pela...décima quinta vez?

Sei que não estou esquecendo nenhuma palavra no feitiço, então só posso estar errando a pronúncia. Mas em que palavra estou errando? Já faz vários minutos que estou tentando descobrir, fazendo o feitiço várias e várias vezes, mas ele não está funcionando. Nada está acontecendo. E eu não quero, e nem posso, ficar aqui o dia todo tentando, já perdi tempo demais tentando ontem.

Que porcaria! — grito, bastante frustrada, e chuto uma pedra próxima.

Não posso deixar Phyzank sem conseguir fazer esse feitiço, mas está muito difícil. Nem Taya descobriu um modo de me ajudar, e ela é tão poderosa e determinada! Se ela não consegue, como eu irei conseguir?

— Cuidado para não chutar uma pedra grande e acabar quebrando um dedo, ou dedos.

Levo um pequeno susto quando Kalin aparece do nada atrás de mim. Eu olho para ele e perco o fôlego, não mais de susto, mas porque ele está...lindo. Eu sempre achei ele bonito, porém, algo nele mudou. Kalin está mais brilhante. Percebi isso há três dias e ainda perco o fôlego a cada vez que eu o vejo, não sei como isso é possível.

Depois da batalha contra os soldados inimigos, as pessoas começaram a gostar ainda mais de nós, começaram a nos dar presentes em agradecimento. Perdi a conta de quantas jóias, roupas, armas e até uma simples fruta eu ganhei. Entre essas pessoas, tem algumas costureiras muito habilidosas, e elas criaram roupas para cada pessoa da minha corte. Kalin usa as roupas delas com muito gosto, e isso fez ele ficar ainda mais charmoso — foi quando ele começou a brilhar. É ainda mais difícil tirar os olhos dele agora.

— O que aconteceu?

Pisco os olhos e volto a respirar, pensando por um segundo que ele está perguntando porque eu estou o olhando em silêncio, mas então entendo sua pergunta. Que bobeira, Marigny.

— Falhas. — respondo, abrindo um pequeno sorriso e chutando a pedra novamente. — Não estou conseguindo fazer um feitiço.

Kalin balança minimamente a cabeça e dá uma olhada ao redor. Estamos em cima de um penhasco ao lado do castelo. Daqui, consigo ver toda a gloriosa construção e as pessoas trabalhando no pátio e no cais.

— Deve ser um feitiço muito importante. Você veio aqui ontem e hoje, e fica muito tempo.

Ele sabe disso porque faz parte da minha segurança, não porque fica me observando por outros motivos, claro que não é isso.

— Chegue mais perto. — peço para ele. Kalin me olha com cautela, mas acaba se aproximando, e eu aponto para a terra abaixo de nós. — Está vendo esse buraco? Tem algo muito importante aqui. Se eu fizer o feitiço certo, vai se revelar.

Passo a maioria das minhas horas e dos meus minutos livres lendo os livros da biblioteca do castelo, principalmente os pergaminhos importantes. Pedi que alguns jovens acadêmicos se encarregassem da biblioteca, e eles tem me ajudado a ler tudo que é importante. Só que eles vão embora hoje no último navio, para uma ilha, ficar em segurança, e amanhã partirei para Hemort com o exército que Andrew e Taya criaram e estão preparando. As pessoas pararam de chegar até aqui e foram todas mandadas para as ilhas com os navios que encontramos nas cavernas abaixo do castelo, então é hora de ir até nossos aliados. Mas preciso fazer esse feitiço antes de partir.

— O que é, exatamente? — Kalin pergunta com curiosidade, se inclinando para ver melhor o buraco.

É só um buraco comum, mas entendo que sua curiosidade quer que ele se aproxime mais. A minha fez a mesma coisa.

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