73 - O que está fazendo aqui, sua maluca?

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AMORA

O celular começa a vibrar à cinco e meia da madrugada, o que já me faz acordar puta para um caralho. Que tipo de idiota liga para os outros em uma hora dessas?

Finjo que não ouvi, na intenção da pessoa desistir de entrar em contato, mas minha tática não funciona. A porra do aparelho treme mais do que um vibrador, me obrigando a atendê-lo da forma mais rude possível.

— Pronto! — esbravejo.

— Bom dia, é o número da senhora Amora? Aqui é o Thomas Ivanov! — diz o homem do outro lado da linha, de forma simpática.

Respiro fundo e finjo um sorriso para mim mesma, mas na verdade, a vontade que tenho é de pular em seu pescoço. O que tem na cabeça do ser humano para ligar para a advogada antes do sol raiar por completo?!

— Ah, bom dia, Ivanov! — respiro fundo — Está muito cedo, meu expediente ainda não começou.

— Eu sei disso, e até peço desculpas... — o homem respira fundo — mas é uma emergência. A polícia está aqui na porta, e eu não sei o que fazer!

Levanto em um pulo, nervosa, o que assusta Henrique, que se senta.

— Me passa o endereço por mensagem, Ivanov. Estarei aí o mais rápido possível! — digo, indo em direção ao armário, a procura de uma calça jeans.

— Ótimo! — diz o homem no outro lado da linha, e desliga logo em seguida.

Jogo o celular na cama e respiro fundo, ainda a procura de uma roupa descente.

— O que está rolando, Amora? — pergunta Henrique, coçando a nuca e olhando seu relógio de pulso — São cinco horas da matina, deu alguma merda?

Encaro meu marido, já arrancando meu moletom para que pudesse dar lugar às outras vestes.

— Pior que deu, amor! Polícia está na porta da casa do Ivanov, preciso ir correndo! — termino de colocar a calça.

— Porra, Amora... Isso me preocupa! — admite — Ao que tudo indica, esse cara tem muita merda por baixo dos panos.

O encaro com os olhos cerrados, já colocando uma blusa social.

— Não me importo, já aceitei. Agora estou nessa para ganhar!

Ele levanta os braços, em sinal de rendição.

— Não está mais aqui quem falou! Mas me diz, quer carona?

— Não amor, fica com Sabrina! Eu vou de Uber! — ando de um lado para o outro, a procura de minha bolsa.

— Amora, ei! — levanta, para no meu caminho e segura meus ombros — Calma! Agir dessa forma pode te prejudicar!

Respiro fundo e encaro seus olhos cor de esmeralda que tanto me cativam.

— Você tem razão. Sabe onde está minha bolsa? — forço um sorriso. Ele realmente estava certo, mas meu cliente estava em apuros, eu realmente precisava ir logo.

— Está na sala! — dá um sorriso largo, e dou um selinho estalado em sua boca como forma de agradecimento.

Vou andando rapidamente até a sala, e logo acho minha bolsa. Tudo de mais importante já está ali dentro, inclusive meus documentos da OAB.

Coloco meus coturnos que já estão separados no quartinho de sapatos e vou voada para o lado de fora, pois nesse meio tempo já havia chamado o Uber.

Sentia como se meu coração fosse saltar pela boca. Aquela adrenalina era boa demais! Ele dependia da minha competência para tirá-lo daquela furada, e isso me empolgava de forma surreal.

Doce como Amora ✔️Onde as histórias ganham vida. Descobre agora