29 - Por que ninguém me avisou?

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AMORA

Não, aquilo não podia estar acontecendo. Caralho, NÃO. Quando minha vida está fluindo, Henrique faz o favor de voltar dos Estados Unidos, e ainda trazendo a ex namorada de Elioth. Puta que pariu, eu mereço.

Como se já não bastasse aquela quase anã atacando meu homem, ainda tinha que lidar com a presença mais do que inesperada e repugnante. Vê-lo aparecer na porta do apartamento me trouxe tantas lembranças e mágoas... Pelo visto, não estava nem um pouco preparada para lidar com sua volta. Torcia para que fosse apenas uma visita, então, assim que foi correndo atrás de sua mascotinha, encarei Lázaro emburrada, e depois dirigi minha atenção ao meu pai.

— Por que ninguém me avisou que esse cara iria voltar? — Cruzo os braços.

— Não pensei que fosse se importar — meu pai da de ombros, ainda estressado com minhas últimas afirmações. Ele sempre deixou claro que não era o maior fã de Elioth. Não por ele ser uma pessoa ruim, porque não era, e sim por estar transando com sua filinha. Pais... não entendem que suas crias um dia crescem e precisam seguir seus próprios caminhos.

— Óbvio que me importo, né? — Levanto, indo em direção à porta.

— Se importa? — Pergunta Lázaro, com a sobrancelha arqueada, quando finalmente desiste de segurar Elisa e a coloca no chão.

— Óbvio, né? — Viro em sua direção e novamente cruzo os braços — Aonde meu pai vai morar? Ele está namorando aquela mascotinha? Porque, sinceramente, se ela resolver agarrar meu namorado na minha frente de novo, não sei se respondo por mim.

— Não vou sair daqui, pelo menos não por enquanto. Ainda estou decidindo o que fazer — Diz meu pai, um pouco menos estressado.

Lázaro me encara, com olhar de desaprovação. Ele sabia de minha história com Henrique, então logo associou minha pergunta a um sentimento que podia ou não existir.

— Não estão namorando. Pelo menos não por enquanto. — Sorri, cínico.

Tento me segurar para não revirar os olhos, mas falho miseravelmente.

— Odeio ser a última a saber das coisas — digo, enquanto abro a porta e ando até meu apartamento.

— Vai aonde? — Meu pai se levanta e anda em minha direção.

— Caso não tenha percebido — paro em frente a porta — estou com a blusa do meu namorado, e sem short. No mínimo tenho que trocar de roupa.

— Vai querer almoçar com a gente? — Pergunta Janna, enquanto Elias puxava um de seus cachos.

— Não Janna, mas obrigada pelo convite. Já pedi o almoço, em breve deve chegar — respondo com um sorriso forçado.

Assim que entro em casa, encosto na porta e escorrego até o chão. Era como se o peso do mundo caísse nas minhas costas. Todos os sentimentos que me perseguiram por tanto tempo me deram um soco na cara assim que aquele filho da puta de óculos escuros apareceu na minha frente.

Não, não estou falando de amor. Eu realmente não o amo. Não mais. Tenho minha vida encaminhada, ao lado de um cara maravilhoso. Mas ao vê-lo, era como se todo o sofrimento que passei por ter sido "deixada" viesse à tona. Puta que pariu, eu simplesmente odiava a ideia de tê-lo inserido novamente em nossas vidas.

Não fiz questão de segurar as lágrimas. Estava sozinha mesmo, então foda-se, era muita coisa ao mesmo tempo para digerir. Para melhorar a situação, como se já não bastasse a péssima surpresa com seu retorno, Henrique ainda traz Daniele.

Elioth e Dani se conheceram durante a infância. Eram amigos inseparáveis. A sintonia entre os dois era tanta, que ambos fazem aniversário no dia 10 de agosto. Quando fizeram treze anos, deram o primeiro beijo, e, a partir dali, começaram a namorar. Ficaram juntos por quase dez anos, mas a garota teve que se mudar para o exterior.

Doce como Amora ✔️Onde as histórias ganham vida. Descobre agora