26 - Eu vou para Nova Iorque

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HENRIQUE

Foi difícil aceitar aquela decisão. Quando cheguei em casa, liguei para minha mãe e informei sobre a mudança. Ela se animou, pois sempre sonhou em ver um de seus filhos morando fora do país. Não que se importasse, mas seria um ótimo assunto para fofocar com as amigas.

Tinha comprado esse apartamento há cinco anos e era muito difícil desapegar de todas histórias vividas ali. Mas pelo bem da minha saúde mental e da amizade que tenho com Igor, precisei aceitar aquela proposta.

Antes de tomar qualquer atitude, deitei no sofá e tirei um cochilo.

**

Estava cansado ao chegar no trabalho, então nem fiz questão de comer algo no caminho. Fui diretamente ao meu apartamento, feliz da vida por saber que ela estava me esperando.

Entrei em casa e fui direto à sala, onde geralmente minha namorada me esperava. Ela não estava lá, o que me gerou um frio na barriga. Aonde será que Amora estava?

Era como se eu precisasse dela para respirar. Para ser sincero, não fazia ideia de como havíamos chegado nesse ponto, apenas sabia que ela era a última coisa que pensava antes de dormir e a primeira ao acordar. Por que tinha que ter acontecido comigo? Logo eu que jurei não entrar em outro relacionamento, estava aqui, perdidamente apaixonado por Amora, filha de um dos meus melhores amigos.

O que começou com uma brincadeira, agora me arranca suspiros e sonhos eróticos todas as noites. Quero assumir nosso relacionamento aos sete ventos, mas como? E meu amigo?

Fui andando até o quarto e encontrei a porta entreaberta. Respirei fundo. Por mais que tivéssemos passado pouco tempo distantes, estava morrendo de saudade.

Amora estava deitada em minha cama, cochilando. Ao observar a cena, chego a conclusão de que não posso viver mais nenhum dia sem tê-la para mim, só que de verdade.

Sabe quando você olha para alguém e enxerga todo o seu mundo ali? Então, esse era eu.

Estava decidido. Eu contaria toda a verdade para Igor ainda naquela manhã.

**

Acordei em um pulo, tomado por um enorme peso na consciência. Ainda na noite daquele dia, reuni Lázaro, Igor e suas esposas em um jantar de despedida, pois faria questão de viajar logo no dia seguinte. Levaria apenas o que coubesse nas malas, quando chegasse no local mobiliaria minha nova moradia com móveis novos. Resolvi não vender o apartamento, pois nunca se sabe do futuro. Ainda pensava na possibilidade de pôr para alugar, mas não queria focar nisso no momento, afinal, minha vida estava prestes a virar de cabeça para baixo.

Fiz um bobó de camarão invejável e todos repetiram o prato. Não gosto de me gabar, mas mando muito bem na cozinha. Assim que todos terminaram, peguei uma taça de vinho e dei duas batidas na base com um garfinho.

— Amigos, por favor, prestem atenção — sorrio, já sentindo as lágrimas nos olhos.

Lázaro agarra a mão da esposa, pois já sabia exatamente do que se tratava.

— Tomei uma decisão muito difícil, que talvez interfira na vida de vocês, então, desde já, sinto muito.

— Que merda você fez, cara? — pergunta Igor, nervoso.

— Não é algo ruim, pode ficar tranquilo, mas acredito que muitas coisas mudem a partir de agora.

— Ufa, pensei que ia falar que tá pegando minha filha, já senti o coração chegar na boca! — ri e dá uma longa golada no vinho em sua taça.

Doce como Amora ✔️Onde as histórias ganham vida. Descobre agora