54 - Você é tão ingênuo às vezes...

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HENRIQUE

Acho que se continuasse batendo o pé daquela forma, acabaria abrindo um buraco no chão. Acontece que fico extremamente agitado quando estou ansioso. O relógio marcava meio dia e cinquenta e nove minutos. As batidas de meu coração aceleravam de acordo com a passagem dos segundos.

Cinco, quatro, três, dois, um. Uma hora da tarde. Ok, agora eles poderiam chegar a qualquer momento, e isso me deixava extremamente empolgado. Tinha mil e um planos arquitetados para surpreender minha esposa. Pensava em fazer algo até melhor do que a vez que a levei em um hotel submarino. Tenho meus devaneios interrompidos por fortes batidas na porta. Até levo um susto por conta da distração, mas, como já sei do que se trata, abro um grande sorriso logo em seguida.

Vou correndo à entrada e abro, feliz da vida. Eis que encontro Lázaro, Daniele e Mahmoud emburrados. Poderia jurar que estão putos da vida, e isso me deixou apreensivo. Não tinha noção alguma do que estava acontecendo.

- Rolou alguma coisa - pergunto, dando passagem para que pudessem entrar.

- É sério que você ainda pergunta? - questiona Daniele, já se apoiando em minha mesa.

- Do que você está falando? - pergunto após fechar a porta, extremamente confuso.

- Não seja cínico, porra! - diz Mahmoud, um tanto quanto exaltado.

- Gente, eu não estou entendendo porra nenhuma - cruzo os braços.

- Acontece, Henrique, - Lázaro se aproxima, demonstrando ser o mais calmo dos três. Mahmoud e Daniele os encaram, em silêncio, sempre mantendo as feições desgostosas - que já sabemos o porquê dessa surpresa para Amora. É culpa. Está querendo tirar a porra do peso da consciência, mas não vai funcionar, porque ela já sabe que você está fodendo com sua ex-esposa.

Sinto meu rosto corar e, mais uma vez, o coração acelera. Da onde ela tinha tirado isso? Meu Deus, jamais seria capaz de trair Amora! Aquela mulher era tudo e mais um pouco na minha vida. Porra, era a mãe da minha filha, dona do meu amor. Aquilo não fazia sentido algum!

- Da onde ela tirou isso, meu Deus? Sério que vocês acham que eu seria capaz de trair Amora? Porra, mesmo depois de tudo que passamos para ficar juntos? - pergunto em tom de desabafo.

- Porra, Henrique! - Mahmoud dá um passo à frente - Você só chega de madrugada em casa, não faz questão alguma de demonstrar afeto à sua esposa e ainda troca mensagens calientes com a porra da sua amante! - me fuzila com o olhar - É sério que achou que ela não iria descobrir?

Foi então que liguei uma coisa à outra. Amora havia visto a porra da mensagem de Ingrid enquanto eu estava tomando banho. Sei que não tenho direito de ficar puto, porque sei que tenho deixando muito a desejar, mas ela não tinha direito de mexer em minhas coisas. Não tinha feito nada de errado, e tinha consciência disso. A porra do problema é que ela tinha interpretado tudo errado e fora do contexto, o que fodia completamente o rolê.

- Gente, pelo amor de Deus, - passo a mão sobre o rosto, transparecendo exaustão - não é nada disso. Essa doida - me refito à Ingrid - veio me procurar para fazer uma proposta de trabalho. Quer que eu faça a vistoria de uma filial de seu restaurante, "Leroy Bom Appétite", que é na Grécia! - todos me encaram em silêncio, mas não os dou oportunidade de me interromperem, então prossigo meu raciocínio - Até pensei em negar, até porque somos uma empresa grande, e sem dúvidas teríamos investimentos melhores que esse, mas ela me ofereceu passagens gratuitas para mim e quantos acompanhantes quisesse. Apenas aproveitei a oportunidade para surpreende-la, e quero contar com a porra da ajuda de vocês!

- Essa proposta está muito boa para ser verdade, Henri! - diz Dani, mais mansa do que no início. Ficava feliz por minha melhor amiga acreditar em mim.

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