61 - Quem ela pensa que é?

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NARRADOR

Ingrid não esperava ter que lidar com a presença de Amora, principalmente depois da bendita mensagem que havia lhe mandado. Disfarçou bem dizendo que era brincadeira, e se orgulhava ao perceber que todos acreditaram naquela embromação.

O casamento de seu ex-marido estava cada vez mais fodido, e isso a empolgava de uma maneira surreal. Ficou ainda mais feliz ao visualizar aquele gostosão apalpando Amora. Tudo estava correndo muito bem.

Ficou um pouco receosa ao perceber que os amigos tentariam reconciliar o casal. Queria sentir logo o corpo de Henrique no seu e matar a saudade que tanto lhe sufocava. O senhor Leroy lhe deu dinheiro e alguns hematomas, e nunca um orgasmo. Já seu ex-marido... Ele sim sabia usar as mãos e a língua.

Quando Lázaro chegou falando que seria ELE a acompanhá-la na vistoria do restaurante, uma forte decepção preencheu seus pulmões. Era necessário ter paciência, e isso era tudo que ela não tinha, tampouco queria precisar ter.

- Ingrid, eu vou com você. Henrique precisa resolver as coisas com a esposa - forçou um sorriso amarelo.

- Mas eu quero que Henrique me acompanhe. Afinal, o propósito inicial da viagem era esse! - disse, rude. Não se preocupou em forçar simpatia, afinal, não tinha ninguém por perto.

Lázaro cerrou os olhos e a encarou, analisando cada palavra que saia de sua boca.

- É, mas nem tudo acontece da forma que queremos, não é mesmo!? - é tão grosso quanto.

Ela arqueia a sobrancelha e analisa o rosto do homem que a observava com desprezo. Até que Lázaro era um homem atraente.

- Se não tenho escolha... HOJE eu aceito isso. Mas amanhã...

Lázaro revira os olhos e assente, tentando não se estressar com a insistência da mulher. "Será que não percebe que está fazendo um papel de ridícula?", se questionava mentalmente.

Ingrid veste sua máscara mais agradável, agarra o braço do homem e força uma conversa totalmente aleatória acerca de sua vida. Por mais que não se interessasse, aprendeu que era sempre muito bom guardar informações sobre pessoas que NÃO gostavam dela. Poderia ser útil em algum momento.

AMORA

Tudo que eu queria era afundar a cara de Ingrid na porrada. Já não me importava nem um pouco em gastar meu réu primário naquela filha da puta sonsa. Que audácia do caralho, quem ela pensa que é?

Juro que tentei ser o mais madura possível nessa situação, mas porra tudo tem limite. E sério, já ultrapassei o meu faz tempo! Não faço a mínima ideia de como segurei a barra por tanto tempo.

Tive que ouvir Janna e Mahmoud durante todo percurso até o quarto. Não sei em que momento, mas meu amigo brotou naquele elevador como alma penada, mas não liguei, mas sua presença sempre teve o efeito de me acalmar em momentos como esse.

A realidade é que eu não estava nem um pouco preparada para lidar de frente com Henrique. Sabia que em algum momento teria que ouvi-lo, mas sério, não estava a fim.

Já tinha planejado o que fazer. Iria até o quarto, tomaria um banho e correria atrás do pobre Ícaro. Coitado, não tinha nada a ver com a situação e levou um soco na boca. Pediria perdão e depois pensaria na possibilidade de conversar com o quase ex-marido.

Suspirei fundo. Não podia ficar no meu mundinho o tempo todo, então finalmente decidi dar atenção ao papo indigesto que meus amigos puxavam sobre Henrique.

- Amora, você precisa ouvi-lo. Sério, nem tudo é o que parece ser! - diz Janna, puta da vida.

- Janna, aparentemente você arranhou esse disco. Já entendi, porra! E uma hora vou ouvi-lo, só não estou a fim de fazer isso agora!

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