46 - Sinfonia do adeus

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HENRIQUE

Precisei reunir toda coragem que tinha dentro do corpo para realizar o que estava prestes a fazer. Muitas coisas estavam em jogo, principalmente minha amizade com Igor e integridade física.

Subi lentamente no palco, pedi o microfone para o DJ, que prontamente cedeu, afinal, quem era ele para negar um pedido do CEO, certo? Pois bem. O fiz desligar a música, deixando silêncio total no ambiente.

Dei três passos à frente, ficando bem na ponta do palco. O foco de luz estava ligado sobre mim, chamando ainda mais atenção à minha presença ali.

- Peço atenção de todos - respiro fundo - eu tenho que me declarar para uma mulher dentro desse salão.

Como resposta, todos da plateia começam a gritar, inclusive meus amigos. Igor, super discreto, subiu em cima da cadeira e gritou.

- AI DANI, O MOLEQUE TÁ APAIXONADO MESMO.

Todos caíram na risada, mas continuei sério, o encarando.

- Não é dela que estou falando - falo no microfone, tentando não ter uma crise de vergonha.

A plateia fica em silêncio e, antes que perdesse a coragem, dou de costas e peço para que o DJ coloque a melodia de "Sinfonia do adeus", do Baco Exu do Blues, um dos grupos preferidos de Amora.

(nota: a versão que Henrique cantou é menor do que a música normal)

Você não vai mais aparecer por aqui
Mas quero que você saiba, meu amor, te amo

Desculpa, a culpa é minha
Ainda não sou forte o suficiente pra proteger você
'Tô me sentindo tão sozinho, onde 'tá você?
Eu penso tanto no seu rosto, eu quero te ver
As dores no meu peito deixam um infinito tão pequeno
Agora entendo por que Romeu bebeu veneno
Sussurrando minhas noias no ouvido de Vênus, ouvido de Vênus

A saudade que mais dói
É a do abraço não dado
E do "Te amo" não dito
O "Te amo" não dito
O "Te amo" não dito

Esses problemas são de mentira
Meus inimigos são de mentira
Só minhas lágrimas contêm verdade
Eu sou motivo da minha própria ira
Eu me engasguei com minha vaidade
E eu não aguento saber que te perdi
Não tem mais volta
Aprendiz de Cartola, eu falei com flores mortas
'Tô conquistando o mundo
Mas toda conquista tem um sabor de derrota

Eu 'tô em minha casa, me sinto sozinho
Eu sou um estranho no ninho
Escravo do que sinto
O amor não faz nenhum sentido

Isso parece um pesadelo
Eu só queria te tocar
E sentir seu cheiro

A saudade que mais dói
É a do abraço não dado
E do "Te amo" não dito
O "Te amo" não dito
O "Te amo" não dito

Quando termino, todos aplaudem, e ficam em silêncio logo em seguida, aguardando o nome da "sortuda". Respiro fundo e encaro Amora, que estava próxima ao palco, com Dani de pé ao seu lado. Ambas choravam emocionadas, e algumas borboletas voaram em meu estômago. Pelo visto, haviam feito as pazes.

- Amora, eu te amo - dou um sorriso, não me importando com mais nada -... Eu sempre te amei. Desculpa Igor, mas eu amo sua filha.

Igor, que estava sentado, se levanta e grita.

- Só pode estar maluco, né? Seu filho da puta, Amora é quinze anos mais nova que você! - levanta, e vem andando em direção ao palco.

Todos os observavam em silêncio, ansiosos pelo que estava prestes a acontecer. Esse estava sendo o melhor evento do baile em anos.

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