23 - Noite dos rapazes

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HENRIQUE

Acordei desnorteado com algumas batidas na porta do apartamento. Ah, não. Não tinha estruturas psicológicas para lidar com aquela garota chapada de novo  Por mais que fosse interessante ouvir aquelas coisas, absituação apenas evidenciava nossa diferença de idade. Ela estava na época de chapar, beber, se divertir... já eu, não vejo mais tanta graça nessas coisas. Tirando a bebida, já não usava qualquer tipo de droga há anos.

Fui andando meio zonzo até a porta, e quando abro, me surpreendo com a presença de Igor e Lázaro.

— Cadê as esposas de vocês? — pergunto, antes que possam abrir a boca.

— Hoje vai ser a noite dos rapazes! — diz Igor, entrando. Esses Braganças são muito abusados, puta que pariu.

— Já esperava isso dele — encaro Lázaro — mas e você? Cadê Janna?

— Está com Larissa. Elas preferiram dar uma volta e, como já havia prometido ir com Igor, não tive muita escolha.

— NOITE LIBERADA! — diz Igor, animado.

— Caralho, você não presta! — diz Lázaro, enquanto entrava.

— Ah, elas foram comemorar com a Amora, né?

Igor me encara, de sobrancelha arqueada.

— Tá maluco, Henrique? Estamos indo comemorar o aniversário da minha filhota!

— Ué??? Você não me disse isso!

— E precisava?

— Sim, né?! Não estou a fim de ir para Búzios vigiar adolescentes.

— Para de bobeira, — diz Lázaro, percebendo meu incomodo — vamos nos divertir. Precisamos encher a cara e rir um pouco.

— E pegar algumas mulheres! — diz Igor, passando uma mão na outra.

— Você é nojento — reprovo.

— Para de reclamar e vá se arrumar, Henrique! Já são quase 23h! — diz Igor, impaciente.

Os rapazes pegaram algumas cervejas na geladeira e ligaram a TV, enquanto eu ia contrariado em direção ao quarto. Minha cabeça estava a mil. Por mais que estivesse confuso com a situação de mais cedo, o fato de Amora ter admitido que estava apaixonada por mim martelava na minha cabeça sem parar. Será que era coisa de momento? Porque, né? Eles devem ter torrado uns 5 baseados para ficar daquela forma. Mas e se fosse verdade?

Separei uma calça jeans clara, blusa regata branca, jaqueta de couro e um sapato preto. Não estava a fim de me arrumar muito, até porque a última coisa que estava com vontade de fazer era ir naquela merda de boate. Pior, teria que ver Amora beijando outras pessoas e dançando com seus amigos, sem sequer poder me aproximar. Estaria lá como amigo de seu pai, não como seu 'peguete'.

Acredito que a garota fingiria que tudo que aconteceu mais cedo não passou de um surto coletivo. Por mais que doesse muito, teria que agir da mesma forma. Estávamos há duas semanas distantes e, infelizmente, as coisas precisavam continuar dessa forma. Era melhor assim.

Voltei emburrado à sala, e encontrei meus dois amigos se acabando de rir, enquanto viam umas fotos antigas que estavam em um pen drive ligado à TV. A vida era tão fácil naquela época... não ter que lidar com essa merda toda era bom. Se algum dia reclamei, não era eu.

— Podemos ir? — pergunto, me sentando no meio dos dois — Ou desistiram dessa ideia de dar de garotões em balada de adolescente? — Debocho.

— Henrique, você precisa muito transar. Muito MESMO — diz Igor, fazendo careta. O encaro durante alguns segundos e seguro o impulso de dizer que estava fodendo com sua filha como se não houvesse amanhã.

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