70 - Se aproxima dele de novo que te deixo careca!

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Assim que a porta se fecha, encaro Amora e dou um sorriso desesperado.

- Você me desculpa por ter agido dessa forma? - aproximo ainda mais meu corpo do seu.

- Não precisa se desculpar, meu amor. Eu teria agido pior.

Todos do quarto riem, inclusive eu. Aproximo meu rosto do dela e dou-lhe um beijo desesperado, como se quisesse avisá-la que nunca iria embora.

Eu a pertencia por completo, e nenhum maluco seria capaz de nos separar. Ela entende o recado e corresponde as carícias.

- Ei, tem mais gente no quarto! - diz Lázaro, rindo.

Separo meu rosto do dela e dou um sorriso largo.

- Que tal sairmos para comemorar o término dessa loucura? Eu pago!

Todos concordam e comemoram, dando gritinhos. Saímos dali, em direção à recepção. A noite seria ótima.

AMORA

Fazem exatamente dois meses desde que a maluca da ex-esposa de Henrique cismou de 'acabar' com nosso casamento. Admito que me senti em uma novela mexicana, onde a 'bandida' faz de tudo para conquistar o mocinho.

Mas, de uma forma bem estranha, até que tudo isso contribuiu para uma melhora surreal dentro de meu relacionamento. Descobrimos que a maioria dos nossos problemas podem ser evitados com uma simples conversa. Comunicação dentro de um relacionamento é essencial.

Quando voltamos à nossa amada cidade, foi quase um evento para explicarmos tudo o que aconteceu aos meus pais. Dona Larissa ficou doidinha, jurava que teria acabado com a raça de Ingrid se estivesse ali presente. E, de verdade, não duvido nem um pouco disso.

Foi um período de tempo muito tranquilo, no qual acabei tomando uma nova decisão que poderia alavancar minha carreira dentro do direito. Resolvi me afastar da empresa e abrir meu próprio escritório.

A questão é que sempre sonhei em trabalhar na parte criminal, mas nunca tive coragem de deixar para trás certo para correr atrás disso. Mas essa viagem mudou minha perspectiva.

Tem muita gente filha da puta que passa impune de tanta merda. Não quero mais fechar meus olhos para isso. Me formei em direito para contribuir com a mudança da sociedade, e havia chegado o momento de fazê-lo.

A primeira pessoa com quem conversei sobre minha decisão foi Henrique, afinal, não tratava-se apenas de minha carreira. Estávamos lidando com o destino de nossas vidas... esse trabalho pode ser realmente perigoso.

Para minha surpresa, a resposta de meu marido foi extremamente positiva! E isso aquecia meu coração de uma forma inexplicável.

É muito bom estar ao lado de uma pessoa que torce tá tô por meu crescimento profissional.

O único problema seria informar meu pai sobre a decisão. Conheço muito bem o senhor Igor, e sei como pode ser sentimental. De qualquer forma, ele não teria muitas escolhas além de respeitar.

Estava em meu escritório de casa, montando uma planilha sobre os novos gastos, e pesquisando valores de lugares bem localizados. A concentração tomava conta de cada parte de meu corpo de tal forma, que nem ouço batidas à porta. Só me toco de que tem alguém ali quando vejo a maçaneta girar.

Igor Bragança, sua cabeça calva e seus óculos tortos adentram a sala. Sua feição era um tanto quanto desconfiada, o que me proporcionou um leve frio na barriga.

O homem estava de terno e gravata, o que era surpreendente, porque ainda estavamos no período da manhã. Ele adentra a sala e senta-se em minha poltrona.

- Não tem nada para me contar, Amora? - questiona, com os braços cruzados e sobrancelha arqueada.

O encaro aflita. Pelo que pude perceber, não sou tão boa de guardar segredos como imagino.

Dou um longo suspiro, coloco os papéis à mesa e paro de frente a ele.

- Sobre o que exatamente o senhor está falando? - pergunto, fingindo plenitude.

- Não se faça de sonsa, Amora. Sabe muito bem do que se trata essa pergunta! - aponta às planilhas - É sério que achou que eu não iria notar o que estava acontecendo?

- Ah, pai... - passo as mãos no rosto - Estava arrumando uma forma de falar. Não é tão fácil assim, pois sei que vai ficar magoado...

Ele levanta, irritado, e para em minha frente.

- Magoado, Amora? Sério? Você pensou que eu, seu pai, não te apoiaria seguir seus sonhos? Essa insinuação me mágoa.

Sinto algumas lágrimas alcançando meus olhos. Aquela situação me deixou extremamente emocionada.

- Ah, meu deus - dou um sorriso largo e espontâneo -, eu sei que minha presença na empresa é importante para o senhor. Por isso estava arrumando uma forma de dizer que irei sair.

- Eu tenho notado seus movimentos estranhos desde que chegaram na Grécia. Porra, Amora, sou seu pai! É óbvio que ia notar.

- Hmmm... - O encaro, desconfiada.

- E sua mãe me disse, - revira os olhos - mas isso não é tão importante.

Dou uma risada estridente. Sabia que deveria ter contado para os dois ao mesmo tempo.

- Então é isso, pai. Vou sair da LHR, e montar meu próprio escritório. Vou me especializar na área criminal e me tornar uma advogada fodona de Cabo Frio.

Ele dá um sorriso, me abraça e dá um beijo estalado em minha bochecha.

- Me orgulho muito disso, Amora. Muito mesmo. Apenas fico preocupado, pois nessa cidade tem muita gente maluca. Promete que vai se cuidar?

- Ah, meu Deus, que fofinho! - dou uma risada - O senhor fica tão lindo se preocupando comigo!

Ele revira os olhos e dá um sorriso bobo. Fico impressionada como nossos traços se pareciam quando ele está feliz.

- Estou falando sério, porra! - ri - Não me deixe sem graça, filha. Você precisa mesmo se cuidar dentro dessa área!

Reviro os olhos, tediosa. Sua preocupação era compreensível, mas sabia me cuidar bem o suficiente.

- Pode ficar tranquilo, pai. Vai ficar tudo bem comigo!

- Ótimo! Agora oferece um café da manhã para o seu pai, que ele está cheio de fome. Sabrina e Henrique ainda estão dormindo, fui obrigado a usar a chave escondida.

Dou uma risada e assinto. Vamos andando até a cozinha, conversando sobre a nova realidade que batia em minha porta.

Alugaria um novo lugar ainda naquela semana. Estava muito empolgada!

Doce como Amora ✔️Onde as histórias ganham vida. Descobre agora