61 - Quem ela pensa que é?

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- Isso amiga, tudo no seu tempo! - Mahmoud joga o braço sobre meus ombros.

- Isso é um problema... - diz Janna, mas logo é interrompida com a parada do elevador. Finalmente havíamos chegado em nosso andar.

Fomos andando calmamente até o quarto, e, quando nos aproximamos, a porra do meu estômago revira por completo. Daniele e Henrique estavam ali, parados em frente à porta.

Sinto meu rosto corar e uma raiva surreal preenche cada parte de meu corpo.

- O QUE ESSE FILHO DA PUTA ESTÁ FAZENDO AQUI?

Dou de costas, e volto na direção do elevador, mais puta do que nunca. Henrique vem correndo em minha direção o mais rápido que pode. Acelero os passos, tentando evita-lo, mas em vão.

Entro no elevador e ele consegue fazer o mesmo. Mantenho o silêncio durante quase todo o percurso, pois o filho da puta não poderia me obrigar a soltar uma mísera palavra.

- Amora, pelo amor de Deus, você precisa me ouvir! - implorava, mas mantive o silêncio.

- Sério, amor! Eu não te trai e estou falando a verdade! - passa a mão no rosto - Apenas peço a Deus e ao universo uma forma de poder te convencer disso!

E quando as coisas têm que acontecer, o universo simplesmente se encarrega. Parece brincadeira, mas não é. Assim que o filho da puta para de falar, o elevador da um solavanco forte e trava. A luz no hotel tinha acabado, nos deixando totalmente imóveis.

Porra, porra, porra!

HENRIQUE

Amora me encara com fogo nos olhos, e aquilo me mata por dentro. Jamais imaginei que ela me olharia assim em algum momento de nosso relacionamento.

Respiro fundo e olho para cima, agradecendo às forças divinas por ter faltado luz no hotel naquele exato momento. Talvez fosse a única oportunidade que teria de tentar colocar os pingos nos i's.

Ela encosta na parede espelhada e escorrega até o chão, já limpando algumas lágrimas que começavam a escorrer de seus olhos.

Sento-me do outro lado do cubículo, virado em sua direção e respiro fundo.

- Amora, por favor, não chora - imploro.

O ódio no seu olhar é quase palpável, o que faz meu corpo estremecer por completo.

- E tem como não chorar, Henrique? Nosso casamento foi para o esgoto! Depois de tanta luta, você decide jogar tudo fora fodendo com sua ex-esposa... Não faz sentido algum!

- Seu problema é tirar conclusões precipitadas - reviro os olhos.

- Então a culpa é minha por entender o óbvio dessa situação, né? Porra - ela sorri amargamente -, vai se foder!

Caralho, não era o momento de se expressar errado... meu Deus, eu me odeio tanto nesse momento.

- Não, porra! NÃO! É compreensível agir dessa forma. O problema é não querer me ouvir, porque não é NADA do que você está pensando.

Ela solta uma risada forçada e extremamente debochada. Era como se tivéssemos voltado no tempo, lá no início, quando eu ainda tentava afasta-la. O único porém, é que os papéis de inverteram.

- Então fala, fodão! Fala! Você viu a gostosa que acabou com seu psicológico, deu umazinha e se arrependeu? Foi isso? - pega impulso e se levanta bruscamente - Me conta, ela fode melhor que eu?

Como pude deixar as coisas chegarem nesse ponto? Tudo isso poderia ter sido evitado com uma simples conversa!

Não precisava ter falado sobre a viagem, até porque queria fazer surpresa, mas deveria ter falado que Ingrid tinha me procurado. Nunca me senti tão merda como naquele momento.

Doce como Amora ✔️Onde as histórias ganham vida. Descobre agora