trinta e um | aithne

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A I T H N E

Meus olhos pesavam fechados.

Engoli em seco enquanto tentava acordar meus sentidos. Me sentia cansada, mas a magia inquieta dentro de mim implorava para sair.

Tentei mexer meus braços.

Presos.

Abri meus olhos e olhei para cima, encontrando algemas de ferro com símbolos prendendo minhas mãos no teto da sala.

Certo, os caçadores tinham uma bruxa do lado deles. Observando os símbolos com mais atenção, reparo nos erros e em como pareciam ter sido feito por uma criança de sete anos.

Mas mesmo estando horríveis, isso não os impedia de funcionar.

Ou seja, eu não conseguiria usar os poderes de bruxa para sair daqui.

E puxando as correntes, só tenho a prova de que eram fortes o suficiente para aguentar um vampiro, e um lobisomem.

Eu estava presa.

A porta da sala se abre, e ainda sem olhar, ouço os passos receosos na minha direção.

Olho para o novo integrante e ele para no meio do caminho quando nota meus olhos amarelos. Ele engole em seco, ficando com a postura ereta enquanto tenta conjurar uma coragem dentro de si.

— Parece que finalmente conseguimos o que tanto queríamos.

O homem anda ao meu redor, me observando por inteira.

Ainda estava com as roupas que usava antes de ser pega, mas mesmo se estivesse nua e acorrentada nessa sala precária, não mudaria o fato de que lobisomens não sentiam vergonha por seus corpos.

Se eles quisessem me humilhar ou algo do tipo, precisariam se esforçar muito mais.

Mas eu ainda iria matar esse caçador por me olhar dessa maneira.

Ele voltou a ficar na minha frente, me olhando com uma repulsa que quase me fez rir.

Sua aparência era jovem, cabelos escuros, pele morena e olhos que possuíam toda aquela determinação e impulsividade adolescente.

— Nossa bruxa foi esperta, — Ele continuou falando, ainda me observando com atenção. — ela continuou monitorando seu sangue todos esses dias a procura de alguma mudança em seu estado. Mas você não se aventurava para fora da propriedade do rei do submundo.

O homem cuspiu o título de Kyros como se fosse algo amaldiçoado.

— Se ele estivesse aqui agora, você provavelmente estaria sem a língua nesse momento.

Me ignorando, o homem continuou a falar.

— Descobrimos ontem sobre a situação, e desde então, continuamos a vigiando de longe, procurando uma brecha para podermos conseguir tirá-la daquele forte impenetrável. E você basicamente se entregou em uma bandeja para nós.

— Vocês realmente acreditam que irão me manter aqui por muito tempo? — Me endireitei, olhando para ele de cabeça erguida. — Quantas horas se passaram desde que me pegaram? Algumas? Nesse momento Kyros já sabe que estou desaparecida, posso sentir que essa casa não está protegida por feitiço algum.

O homem recua lentamente conforme meu sorriso aumenta.

— Aposto que no mesmo minuto em que acordei, Kyros descobriu minha localização, e agora já deve estar a caminho. Mas não se preocupe com ele, eu nunca precisei de um homem para me salvar antes, e isso não vai mudar hoje.

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