vinte e cinco | aithne

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A I T H N E

Caminho pelos corredores abaixo da casa à procura de uma adega. O que não era algo muito recomendável no momento.

Meus dedos encontram meu colar, mexendo no pingente nervosamente. Após alguns segundos, uma calma me preenche e eu solto um suspiro aliviado.

Mas ainda sim eu precisava de álcool.

As mangas do vestido se arrastavam com um som silencioso no carpete atrás de mim.

Eu havia comprado esse vestido quando estava junto com Myra no shopping. E essa ocasião era perfeita para usá-lo.

O tecido azul escuro como a noite quase não tinha peso, me fazendo sentir como se estivesse usando absolutamente nada. As ombreiras contavam com jóias de ouro que estavam interligadas com correntes que se conectavam ao colar em meu pescoço.

Senti uma leve brisa encontrar minha pele à mostra.

Um grande decote em V descia até abaixo dos meus seios. E enquanto todo o vestido estava grudado em meu corpo como uma segunda pele, o tecido que caia das ombreiras estava solto e flutuando como asas conforme eu andava.

O vestido favorecia minhas qualidades mais do que o normal.

Meu cabelo estava elaborado em uma longa trança solta que descansava em frente ao seio direito.

Não me impedi de lembrar do modo como as mãos de Kyros puxavam meu cabelo com uma firmeza que me fazia ofegar sobre seu controle.

Minha cabeça continuava indo e vindo da noite em que eu e Kyros estivemos naquele escritório. E é claro que como nas outras vezes em que eu e Kyros estávamos praticamente devorando um ao outro com a boca, Silas apareceu.

O novo apelido que eu o havia dado era: empata foda.

Um apelido nunca serviu tão bem em uma pessoa.

Entrando na adega, meus olhos já encontram uma garrafa de bourbon dentro de um armário de vidro.

Perfeito.

Jogo a tampa da garrafa longe, já dando longos goles na esperança de que pelo menos o álcool se infiltrasse em minhas veias e acalmasse meu corpo.

Talvez houvesse alguns daqueles álcoois feitos no submundo, mas a festa que estamos indo hoje não é o tipo de festa que eu quero ir beber.

Kyros pediu que eu o acompanhasse na festa em que sua avó estaria fazendo essa noite. Suas palavras exatas foram: "Se você não for a essa festa, minha cabeça estará na linha". Ou seja, se eu não o acompanhasse hoje, sua avó provavelmente cortaria sua cabeça.

Eu nunca a conheci, mas isso já me fez gostar dela um pouco.

E pelo visto, a antiga vampira estava ansiosa para conhecê-la.

Essa era a parte que me deixou nervosa com a festa.

Saskia era a única familiar restante de Kyros. E em todos meus anos de vida, eu nunca fui apresentada para outra família antes.

O nervosismo estava me consumindo, junto com a irritação que eu estava sentindo por experimentar pela primeira vez o nervosismo.

O simples fato de que Saskia conheceu meu pai, que conviveu com ele, me deixava descontrolada. Adicione isso ao fato de que ela é a avó de Kyros. O resultado da equação é uma Aithne agindo como uma adolescente no primeiro encontro.

Continuo resmungando comigo mesma até chegar ao fim do bourbon.

Eu não tinha sentimentos a um bom tempo, não me preocupava com nada para falar a verdade.

StygianWhere stories live. Discover now